Surto de vírus Nipah na Índia levanta preocupações sobre sua possível disseminação para o Brasil

A Índia está enfrentando mais um surto do vírus Nipah, que já infectou cinco pessoas e causou duas mortes no Estado de Kerala, no sul do país. Esse é o quarto episódio de infecções por esse patógeno na região desde 2018. Embora a probabilidade de disseminação rápida do Nipah seja considerada baixa por enquanto, especialistas alertam que é importante que as autoridades estejam em alerta.

De acordo com a médica veterinária Helena Lage Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, todos os casos relatados até agora estão relacionados a regiões onde morcegos que carregam o vírus são encontrados. Portanto, o Brasil não tem um risco iminente de introdução do Nipah. No entanto, o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale, ressalta que a globalização e o grande trânsito de pessoas aumentam a probabilidade de disseminação de vírus e outros patógenos pelo mundo.

É importante rastrear os pacientes e seus contatos próximos para evitar que o vírus se espalhe para outras regiões, destacam os especialistas. Medidas de contenção, como o fechamento de escolas e escritórios, foram adotadas em Kerala. O ministro-chefe do estado, Pinarayi Vijayan, pediu à população que evite aglomerações e use máscaras de proteção.

O vírus Nipah, identificado pela primeira vez em 1999, durante um surto na Malásia, pertence à família dos paramixovírus e circula principalmente em morcegos frugívoros encontrados na Ásia. A transmissão para seres humanos ocorre por meio do contato direto com os morcegos ou com seus fluidos corporais, bem como por consumo de alimentos contaminados.

Os sintomas do Nipah incluem febre, dor de cabeça, dor muscular, vômitos e dor de garganta. Em casos mais graves, pode haver problemas respiratórios e encefalite. A letalidade chega a 70%, o que é muito maior do que a Covid-19, por exemplo. Atualmente, não há vacina ou tratamento específico para o Nipah.

Desde o primeiro surto em 1999, o Nipah tem ocorrido com regularidade em países como Bangladesh e Índia. A destruição de recursos naturais pelo ser humano pode estar relacionada à transmissão do vírus para outras espécies. Em 2018, a Organização Mundial da Saúde incluiu o Nipah na lista de doenças prioritárias para pesquisa e desenvolvimento de prevenção e tratamento.

Embora o risco de uma pandemia seja baixo no momento, é fundamental que as autoridades estejam atentas e realizem medidas de contenção adequadas. Além disso, a vigilância de indivíduos com sintomas sugestivos que tenham passado por regiões de surto é essencial. O Brasil possui a capacidade e a estrutura necessárias para realizar essa contenção, caso seja necessário.

Portanto, embora a probabilidade de o vírus Nipah se espalhar para outras regiões, incluindo o Brasil, seja baixa, é fundamental que as autoridades estejam alertas e adotem medidas de prevenção e controle adequadas para evitar a disseminação do vírus.

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