STF rejeita recurso de mulher transexual impedida de usar banheiro feminino em shopping de SC, causando polêmica no plenário.

O Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão polêmica nesta quinta-feira (6) ao rejeitar o recurso de uma mulher transexual que foi impedida de usar o banheiro feminino em um shopping de Santa Catarina. O caso gerou debate sobre a questão da discriminação de gênero e a violência contra a população trans no Brasil.

De acordo com os autos do processo, a mulher transexual, ao ser proibida de utilizar o banheiro feminino, foi forçada a fazer suas necessidades fisiológicas nas próprias vestimentas, passando por uma situação vexatória diante dos demais frequentadores do shopping. Além disso, teve que retornar para casa utilizando o transporte público, após o constrangimento sofrido no estabelecimento.

Inicialmente, a administração do shopping foi condenada a pagar uma indenização de R$ 15 mil por danos morais à mulher transexual. No entanto, a decisão foi revertida em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que considerou que não houve dano moral no caso, uma vez que a abordagem teria sido feita de forma educada e respeitosa pela funcionária do shopping.

Com uma votação de 8 a 3, o plenário do STF seguiu o entendimento do relator do caso, ministro Luiz Fux, e negou o recurso da mulher transexual. Fux argumentou que não havia questões constitucionais envolvidas no processo, o que tornaria a análise do caso de competência do tribunal estadual.

No entanto, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, abriu a divergência ao destacar a importância da proteção dos vulneráveis, defendendo que o direito da pessoa transgênero de identidade feminina de utilizar o banheiro correspondente deveria ser assegurado. Barroso foi acompanhado pelos ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia.

Além da decisão em si, o STF também cancelou a chamada repercussão geral, que estenderia os efeitos da decisão para todos os casos semelhantes em tramitação no país, o que pode gerar impactos na aplicação de leis e políticas relacionadas à discriminação de gênero.

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