A cidade, que contava com a terceira maior produção de amianto crisotila do mundo, viu-se diante de um cenário de incerteza e desconfiança. No entanto, em 2019, a Assembleia Legislativa de Goiás aprovou uma lei que autorizava a retomada das atividades com o objetivo exclusivo de exportação. Essa decisão, porém, não foi pacífica e gerou um embate judicial que se arrastou até 2023.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), atendendo a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), determinou a suspensão da exploração aguardando uma avaliação sobre a constitucionalidade da legislação em vigor. Em contrapartida, o STF permitiu a continuidade da exploração até que o tema fosse definitivamente resolvido pelo tribunal.
Enquanto a disputa judicial envolvendo o amianto se desenrolava, Minaçu experimentava uma significativa mudança em sua economia. As exportações do material registraram um aumento de mais de 55% entre 2021 e 2022, e continuaram em patamares semelhantes em 2023. A guerra na Ucrânia foi um dos fatores que impulsionou a demanda global por amianto e favoreceu as exportações de Minaçu.
O antropólogo Arthur Pires Amaral, em sua tese de doutorado intitulada “Com o peito cheio de pó”, retratou o contexto de pessimismo que tomou a cidade após a proibição do amianto em 2017. O impacto econômico e social dessa medida foi sentido de imediato, com demissões e incertezas pairando sobre a população local.
Mesmo com os riscos conhecidos associados ao amianto, a economia local viu na exportação do material uma oportunidade de crescimento e sobrevivência. A retomada das atividades, ainda que envolta em polêmica e incerteza, trouxe consigo a promessa de empregos e renda para uma comunidade que por anos dependeu da mineração do amianto como sua principal fonte de sustento.
Porém, a controvérsia em torno do amianto vai além das fronteiras brasileiras. Na Índia, maior importador global do material, a exploração de amianto é permitida, mas sua mineração é restrita. O aumento das exportações brasileiras para o país asiático desperta preocupações devido aos riscos de exposição e doenças relacionadas ao amianto.
Em um cenário global de debates sobre a segurança e os impactos do uso do amianto, Minaçu se destaca como um microcosmo das complexidades e contradições desse setor econômico. Enquanto a cidade se reinventa diante das incertezas, o amianto permanece como uma presença marcante e controversa, alimentando debates sobre saúde, meio ambiente e desenvolvimento econômico.






