Ricardo Salles é indiciado como líder de esquema de desvio de madeira e se torna réu em processo criminal.

O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atualmente deputado federal pelo PL, foi torna réu pela Justiça Federal no Pará por supostamente liderar uma organização criminosa envolvida no desvio de madeira. A decisão, que foi emitida na segunda-feira (28), também afeta o ex-presidente do Ibama, Eduardo Bim, e outros servidores de órgãos ambientais durante o governo de Jair Bolsonaro.

De acordo com o relatório da Justiça, o grupo emitia certidões e ofícios que não estavam de acordo com as orientações técnicas da instituição, com o objetivo de liberar madeira apreendida nos Estados Unidos de forma ilegal. A gestão de Salles e Bim teria praticado atos normativos para dar aparência de legalidade às exportações de madeira que estavam em desacordo com as instruções normativas vigentes.

Salles considerou a denúncia absurda e afirmou que o Judiciário vai corrigir a situação com base nas provas e testemunhos obtidos pela Polícia Federal durante a investigação. Por outro lado, Bim não foi localizado para comentar sobre o assunto.

Tanto Salles quanto Bim foram alvo de busca e apreensão pela PF em 2021, durante uma investigação sobre crimes de corrupção no ramo madeireiro. A operação, chamada de Akuanduba, resultou no afastamento de Bim da presidência do Ibama. Foi nesse contexto de investigações que Salles decidiu pedir demissão do cargo de ministro, em junho de 2021.

O Ministério Público Federal denunciou os dois por fazerem parte de uma organização criminosa que praticava diversos crimes a favor do setor madeireiro. Segundo a denúncia, Salles nomeava servidores que atendiam aos interesses privados e exonerava aqueles que tentavam combater a exportação ilegal. Ele também ordenava que Bim adotasse normas no Ibama para facilitar a exportação de cargas de madeira nativa sem autorização.

A denúncia do MPF destaca que Salles mentiu em depoimento ao alegar que não sabia do assunto discutido em uma reunião com madeireiros, na qual o esquema foi abordado. O MPF afirma que agentes privados pagaram R$ 5.000 em dinheiro a Bim pelas operações, mas foram Salles quem se reunia com os representantes do setor e ordenava normas para favorecê-los.

O ex-ministro também é acusado de praticar advocacia administrativa de interesses ilegítimos, integrar organização criminosa e facilitar o contrabando de madeira. O MPF destaca que as ações de Salles visavam obter anistia pelos crimes cometidos e facilitar futuros contrabandos de madeira.

Agora, o caso seguirá para o processo de instrução penal, no qual serão apresentadas as provas e ouvidas as testemunhas. A atuação de Salles durante sua gestão no Ministério do Meio Ambiente continua sendo investigada, e a Justiça terá a responsabilidade de julgar se o ex-ministro e os demais réus são culpados pelos crimes imputados a eles.

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