Relatório da OCDE aponta que pessoas com maior escolaridade acreditam menos em teorias conspiratórias, revela estudo Education at a Glance 2023.

Pessoas com um nível de educação mais elevado tendem a acreditar menos em teorias conspiratórias, revela o relatório Education at a Glance 2023, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta terça-feira (12). De acordo com os dados, essas pessoas estão mais propensas a se envolver em atividades cívicas, como trabalho voluntário e participação em manifestações.

A pesquisa demonstra que entre os adultos com ensino superior, cerca de 15% acreditam na teoria conspiratória de que o coronavírus foi criado por alguma organização ou governo. Já entre aqueles que não concluíram o ensino médio, essa porcentagem chega a mais de 30%. As mesmas porcentagens também acreditam que grupos de cientistas manipulam, fabricam e escondem evidências para enganar as pessoas.

O relatório destaca que essas crenças são perigosas e desinformam a população. “No debate público, as teorias da conspiração têm sido consideradas fatores por trás do crescente populismo político e da relutância em seguir recomendações para limitar a propagação da covid-19. De um modo mais geral, a crença em teorias da conspiração está ligada a uma série de práticas social e individualmente prejudiciais”, afirma o texto.

O relatório Education at a Glance 2023 reúne uma série de dados relacionados à educação, coletados de diferentes fontes e países. Esses dados foram obtidos por meio de questionários aplicados em 2020, durante a pandemia, para pessoas com idades entre 25 e 64 anos, de aproximadamente 32 países membros da OCDE, além de candidatos a membros do grupo. Vale destacar que o Brasil não participou desse formulário.

“Trata-se de uma área que a OCDE vem pesquisando: a capacidade crítica dos alunos, das crianças e dos adolescentes de ver uma informação e avaliar se está correta, se não se trata de uma notícia falsa”, afirma Manuela Fitzpatrick, técnica da OCDE, durante um webinário para divulgação do relatório no Brasil.

No Brasil, o combate à desinformação também está sendo discutido. Está sendo elaborada uma política nacional de educação midiática, que visa desenvolver habilidades para analisar, criar e participar de forma crítica do ambiente informacional e midiático em todos os seus formatos. A Estratégia Brasileira de Educação Midiática, proposta pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, está em fase de discussão, tendo recentemente realizado uma consulta pública para definir as principais diretrizes dessa política.

Além do aspecto da desinformação, os dados do Education at a Glance também mostram que quanto maior o nível de escolaridade, maior é o engajamento cívico das pessoas. Cerca de 25% das pessoas com ensino superior realizam trabalhos voluntários em organizações sem fins lucrativos. Já entre aquelas que não concluíram o ensino médio, essa porcentagem cai para menos de 12%. A participação em manifestações públicas também varia de acordo com a escolaridade, sendo aproximadamente 10% para pessoas com ensino superior e cerca de 6% para aquelas com ensino médio incompleto.

O relatório Education at a Glance é conhecido por fornecer informações sobre o estado da educação em todo o mundo. Ele apresenta dados sobre a estrutura, finanças e desempenho dos sistemas educacionais nos países da OCDE, além de parceiros e candidatos a membros da organização. Neste ano, foram analisados dados de 49 países, dos quais 38 são membros da OCDE e 11 são parceiros, incluindo o Brasil.

A edição de 2023 do relatório tem como foco o ensino e a formação profissional. Além disso, também apresenta um novo capítulo sobre a garantia de aprendizagem contínua para refugiados ucranianos, que traz os resultados de uma pesquisa da OCDE sobre as medidas adotadas pelos países para integrar essas pessoas em seus sistemas educacionais.

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