Um dos episódios mais terríveis ocorreu no chamado massacre do Paralelo 11, nas regiões de Rondônia e Mato Grosso, onde os cintas-largas habitavam. Relatos de testemunhas e documentos apontam para o uso de dinamite, aviões e metralhadoras para atacar as populações indígenas. A investigação dos crimes foi prejudicada pela participação do extinto SPI (Serviço de Proteção aos Índios) em negócios ilegais relacionados à exploração de terras indígenas.
No entanto, o massacre do Paralelo 11 não foi um caso isolado. Documentos apontam para uma série de ataques que ocorreram durante a ditadura militar, levando à morte de milhares de indígenas. O relatório chama atenção para a dificuldade em calcular o número exato de vítimas, bem como a falta de responsabilização ou caracterização dos crimes como genocídio.
Os relatos sobre esses massacres revelam um quadro de profunda crueldade, incluindo o uso de armas de fogo, distribuição de alimentos envenenados, contágio proposital de doenças, como varíola, tuberculose e gripe, e crimes sexuais. No entanto, especialistas apontam que esses crimes não foram oficialmente classificados como genocídio devido à ausência de definição legal na época.
Os esforços de investigação e reparação histórica em relação a esses massacres ainda são limitados. Há relatos de impunidade associada a casos individuais e empresas envolvidas nos massacres permanecem sem responsabilização. A falta de um esforço coordenado para esclarecer esses eventos representa uma lacuna significativa na história do país.
A história dos cintas-largas e de outros povos indígenas que sofreram ataques durante a ditadura militar ainda precisa ser contada de forma mais precisa e ampla. A criação de uma comissão para apurar as violações cometidas contra os povos indígenas durante esse período foi recomendada pela CNV e continua sendo uma demanda urgente da sociedade civil e lideranças indígenas.
Em 2019, o Ministério Público Federal em Rondônia propôs uma ação de reparação histórica ao povo cinta-larga pelo massacre, buscando responsabilizar a União, a Funai e a empresa Arruda, Junqueira e Cia. Ltda. No entanto, a difícil localização da empresa demonstra os desafios enfrentados para responsabilizar os envolvidos nos crimes contra os indígenas.
A história desses massacres permanece como uma página sombria da história do Brasil, exigindo esforços contínuos para esclarecer, reparar e responsabilizar os criminosos envolvidos. A memória dessas atrocidades é parte fundamental da construção de uma sociedade justa e democrática.






