Relatório aponta prisões ilegais durante saída temporária de presos em São Paulo, incluindo detenções por descumprimento de normas.

O relatório divulgado pela Defensoria Pública de São Paulo revelou a realização de prisões ilegais durante a saída temporária de presidiários, conhecidas como saidinhas. Segundo o documento, muitos dos detidos não estavam cometendo crimes em flagrante, mas sim descumprindo as normas estabelecidas para o benefício da saída temporária. As detenções ocorreram no mês de março e chamaram a atenção para a atuação da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana.

De acordo com os dados levantados pela Defensoria, houve um total de 417 detenções por descumprimento das regras da saída temporária, com 157 casos analisados de forma mais aprofundada. O relatório apontou que a maioria das prisões ocorreu por desrespeito ao horário de recolhimento estabelecido, indicando que os detidos estavam em via pública durante o período de restrição. Outros motivos mencionados foram a ingestão de álcool e drogas, a frequência em ambientes proibidos e problemas com a tornozeleira eletrônica.

Além disso, o relatório da Defensoria destacou que a maior parte das prisões foi realizada pela Polícia Militar, representando 91% dos casos analisados, seguida pela Guarda Civil Metropolitana, com 9,8% das detenções. Também houve relatos de violência contra os detidos no momento das abordagens, com 8,9% das pessoas alegando terem sido vítimas de agressões.

A Secretaria da Segurança Pública, em nota, explicou que a recondução dos detentos que descumprem as regras da saída temporária é feita em parceria com o Tribunal de Justiça desde 2023. A medida visa garantir a segurança da população e evitar a impunidade, sendo que cerca de 1,5 mil detentos beneficiados foram presos por descumprimento das normas, contribuindo para a redução de roubos e furtos na cidade.

Diante desses dados alarmantes, é importante que haja uma reflexão sobre a eficácia e a proporcionalidade das ações policiais durante as saídas temporárias dos presidiários, de forma a garantir que os direitos individuais sejam respeitados em consonância com as medidas de segurança pública. O debate sobre a continuidade ou modificação do benefício das saidinhas deve envolver todos os setores da sociedade, visando encontrar soluções que equilibrem a proteção da população e a ressocialização dos detentos.

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