Dados da ANA apontam que 49,8% da água disponível no Brasil é utilizada em atividades de irrigação, enquanto 24,3% destinam-se ao consumo humano nas cidades. A indústria utiliza mais 9,7% e 8,4% são empregados na agropecuária. Diante desse cenário, Javier Tomasella, pesquisador do Inpe, ressalta a importância de melhorar a governança da água, envolvendo políticas públicas e o engajamento do setor privado, especialmente no que diz respeito à agricultura irrigada, principal usuário desse recurso.
Além disso, um relatório da ONG MapBiomas revelou que a disponibilidade de água no país tem diminuído nos últimos 30 anos, com os menores níveis hídricos registrados entre 2013 e 2021. Embora o Brasil ainda concentre 12% do volume de água doce do mundo, perdeu 1,5 milhão de hectares de superfície de água nesse período. Esse declínio na disponibilidade de água afeta diretamente a produção agrícola, a pecuária e a geração de energia, uma vez que 61,9% da matriz elétrica brasileira é proveniente de fonte hidráulica.
Como resultado, os preços dos alimentos e da energia têm aumentado, o que impacta de forma significativa os mais vulneráveis. Diante desse cenário, a necessidade de implementar medidas para o uso mais eficiente da irrigação e a promoção de práticas sustentáveis na região do semiárido nordestino é urgente, a fim de mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir o acesso equitativo à água para todos os setores.