Refugiados enfrentam burocracia e desigualdade na busca por asilo na Espanha, revela pesquisa.

Refugiados enfrentam burocracia para receber asilo em Madri

Na capital espanhola, Madri, refugiados de diferentes partes do mundo estão enfrentando o desafio de lidar com a burocracia para receber asilo na Europa. Alguns, como a enfermeira Aziza, de 26 anos, vítima de tortura e estupro na República Democrática do Congo, e o caminhoneiro Issa-Balla, de 51 anos, que perdeu o irmão durante a travessia da República Centro-Africana, aguardam há meses a ligação das autoridades para iniciar o processo de pedido de asilo.

Enquanto isso, refugiados ucranianos, como a corretora Daria Polianska, de 38 anos, e sua mãe Marina, de 58 anos, encontraram uma experiência diferente em Madri. Logo no primeiro dia na cidade, receberam documentos e permissão de trabalho, além de um auxílio financeiro do governo para o pagamento de aluguel, alimentação e aulas de castelhano.

As diferenças no tratamento recebido pelos refugiados chamaram a atenção de Sharon Xuereb, pesquisadora da Open University, no Reino Unido. Em sua pesquisa, Xuereb mostrou que refugiados ucranianos despertam mais sentimentos positivos entre os europeus entrevistados do que refugiados africanos e sírios. Os ucranianos também são percebidos como menos ameaçadores e sofrem menos preconceito.

Uma das possíveis explicações para essas diferenças é o fato de Malta, país do qual Xuereb é natural, estar mais próximo da Síria e, portanto, mais familiarizada com refugiados africanos do que o Reino Unido, onde a pesquisa também foi realizada. Etnicamente, religiosamente e culturalmente, a Somália é diferente tanto do Reino Unido quanto de Malta, o que também pode influenciar a percepção dos entrevistados.

Enquanto os refugiados entrevistados pela reportagem não sentiram preconceito em Madri, suas histórias são marcadas por tragédias. Aziza foi torturada e estuprada após suspeitas de infidelidade da parte da dona da casa onde trabalhava. Issa-Balla perdeu o irmão em uma tentativa de fuga da República Centro-Africana. A família Polianska teve que deixar sua casa na Ucrânia durante o início da Guerra da Ucrânia.

Segundo José Zamora, coordenador do programa de refugiados da Cruz Vermelha em Madri, a entidade atendeu milhares de pessoas na cidade em 2022 e 2023. Zamora explica que todos os refugiados passam pelos mesmos procedimentos na Espanha, mas alguns pulam etapas. Refugiados ucranianos, por exemplo, geralmente são direcionados para a fase 2 de adaptação, em que recebem pagamento de aluguel e alimentação diretamente.

No entanto, a burocracia ainda é um desafio para muitos refugiados em Madri, especialmente para aqueles que aguardam ansiosos pelo início do processo de pedido de asilo. Enquanto isso, enfrentam dificuldades para reconstruir suas vidas e lidam com as memórias traumáticas de seus países de origem.

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