O recrutamento de estrangeiros para lutar na Ucrânia ganhou destaque mais de dois anos após o início da invasão russa no país vizinho. Com o alto número de baixas entre soldados russos, Moscou busca reforços ao redor do mundo, contando com a ajuda de intermediários para recrutar combatentes em países como a Índia, tradicional aliada da Rússia.
De acordo com relatos de um tradutor indiano que trabalha em um centro de recrutamento militar em Moscou, a agência faz parte de uma extensa rede de escritórios espalhados por toda a Rússia. Diversos indianos foram atraídos para supostas funções que não envolviam combate, mas acabaram sendo treinados para usar fuzis Kalashnikov antes de serem enviados para a Ucrânia.
Com um contrato redigido em russo pelo Ministério da Defesa de Moscou, os indianos foram designados para “serviço militar nas Forças Armadas da Federação Russa”, com a obrigação de “participar de hostilidades” e “servir o povo russo sem limites”. Apesar das denúncias e questionamentos, a Índia, por sua longa relação com a Rússia, não condenou explicitamente a invasão da Ucrânia.
A busca por recrutas indianos foi impulsionada por anúncios nas redes sociais, que prometiam salários atrativos de cerca de US$ 1.200 por mês, sem a exigência de experiência militar. Vários indianos foram atraídos por Faisal Khan, um recrutador baseado em Dubai que promovia empregos no Exército russo com a promessa de altos salários e ausência de combates. No entanto, alguns recrutas relataram ter sido enviados para áreas de conflito e terem sido expostos a situações de violência sem precedentes.
Diante do escândalo, as autoridades indianas se pronunciaram sobre o caso, confirmando que cidadãos indianos assinaram contratos para trabalhar como apoio no Exército russo, sem detalhar especificamente as funções desempenhadas. Familiares dos recrutas acusam as autoridades indianas de omissão e negligência, diante da falta de informações sobre o paradeiro e a segurança dos combatentes indianos envolvidos no conflito na Ucrânia.
O caso provocou indignação e preocupação entre as famílias dos indianos recrutados, que agora aguardam notícias dos seus entes queridos envolvidos em um conflito distante de casa. A situação gera questionamentos sobre os métodos de recrutamento e a responsabilidade das autoridades indianas diante de seus cidadãos em situações de risco no exterior. A saga dos indianos contratados por Moscou para lutar na Ucrânia continua a despertar debates e colocar em xeque as relações entre os dois países e a segurança dos cidadãos indianos envolvidos nesse conturbado capítulo da história internacional.