De acordo com a pesquisa mensal de serviços divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (17), o setor de alojamento e alimentação, no qual os bares e restaurantes representam 90% do total, teve uma queda de 3,5% no volume em agosto. Essa queda contribuiu para o recuo geral nos serviços do país, que foi de 0,9% no mesmo período. No entanto, nos últimos doze meses, esse setor apresenta uma variação positiva de 6,8%, superando a média geral, que é de 5,3%.
Para corroborar esses números, uma pesquisa da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) mostra que, no mês de agosto, houve um aumento notável no número de empresas operando no prejuízo, atingindo 24% das empresas pesquisadas. Esse aumento foi de 5% em relação à pesquisa anterior, realizada em julho. Além disso, 34% das empresas conseguiram manter um equilíbrio financeiro, enquanto 41% registraram lucro.
Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, aponta a queda no volume de vendas como a principal causa para o resultado ruim. Ele ressalta a preocupação com essas empresas em dificuldades, principalmente aquelas que ainda estão se recuperando das perdas causadas pela pandemia. Solmucci também expressa a expectativa de que o final do ano traga um volume maior de vendas, porém é preciso ficar atento a se essa variação foi sazonal ou se há uma tendência mais duradoura.
A redução no volume de vendas também teve impacto na inflação do setor, que registrou uma variação positiva de 0,12% em setembro, de acordo com dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados pelo IBGE. No entanto, esse valor ficou abaixo da média geral de inflação para o mês, que foi de 0,26%. Nos últimos 12 meses, os aumentos nos preços de bares e restaurantes estão praticamente em linha com a média geral de inflação, com um aumento de 5,42%, comparado a 5,19% do índice geral. Isso mostra que houve pouco espaço para uma recuperação nos preços dos cardápios, refletindo a situação desafiadora enfrentada pelo setor.
Com base nesses números, fica evidente que os estabelecimentos de alimentação fora do lar enfrentam um momento delicado, com queda no volume de vendas, aumento do número de empresas em prejuízo e margens apertadas. Resta acompanhar mais de perto se essa situação é apenas sazonal ou se há uma tendência mais preocupante para o futuro próximo. Por enquanto, é necessário ter atenção especialmente às empresas em dificuldades, buscando auxiliá-las na recuperação após os impactos da pandemia.