Júlia foi localizada e presa na última terça-feira (4), após passar oito dias escondida em um hotel no centro do Rio de Janeiro, onde estava hospedada com identidade falsa. Durante o período em que esteve foragida, a suspeita também passou pela Região dos Lagos, onde sua família reside.
Suyany, que se autodeclara cigana e afirma trabalhar com limpeza espiritual, negou qualquer envolvimento no caso. Já a defesa de Júlia assegurou que ela está disposta a colaborar com as autoridades.
O empresário Luiz Marcelo Ormond mantinha um relacionamento com Júlia há cinco meses e foi encontrado sem vida em seu apartamento, no bairro do Engenho Novo, zona norte do Rio, no dia 20 de maio. O corpo de Ormond já estava em avançado estado de decomposição.
A quebra do sigilo bancário tem como objetivo descobrir por quanto tempo Júlia realizava pagamentos a Suyany e se outras pessoas foram vítimas da dupla.
Segundo o depoimento de Suyany, Júlia possuía uma dívida de R$ 600 mil com a suposta mentora espiritual, que seria paga mensalmente com valores de R$ 5.000. A dívida seria referente a trabalhos espirituais realizados para manter segredos de sua vida pessoal e atrair mais clientes.
As investigações buscam esclarecer se Suyany teria sido a mentora intelectual por trás da morte de Ormond e se a ideia de envenenar o namorado partiu dela. Há relatos que sugerem que Júlia era controlada emocionalmente pela suspeita e que as duas mantinham uma relação há pelo menos 12 anos.
O padrasto de Júlia, um policial civil aposentado, revelou em seu depoimento que a enteada confessou ter cometido o crime após ser ameaçada por Suyany. Além disso, ele afirmou que havia transferido R$ 60 mil para a conta de Júlia há cerca de um mês, mas a quantia foi dada integralmente à suposta mentora espiritual.
A mãe de Júlia relatou à polícia que a filha acreditava cegamente em tudo que Suyany lhe dizia, inclusive sobre supostas doenças familiares inexistentes.
No mesmo dia, o Instituto Médico Legal confirmou que morfina foi encontrada no estômago de Ormond, juntamente com outras substâncias e um líquido marrom, que seria o brigadeiro. A polícia suspeita que Júlia tenha envenenado lentamente o empresário com morfina e outros medicamentos misturados ao doce.
Imagens das câmeras de segurança do prédio mostram Júlia e Ormond descendo ao playground com o brigadeiro e cervejas em 17 de maio. Algum tempo depois, o empresário aparentava estar debilitado. Testemunhas relataram que Ormond demonstrava lentidão na fala e mencionou o uso de medicação para pressão alta nos dias anteriores à sua morte.
A polícia levanta a hipótese de que Júlia permaneceu com o corpo de Ormond no apartamento por pelo menos três dias, enquanto tentava transferir bens e obter acesso a um cartão de crédito em conjunto com o empresário. Durante esse período, ela também tentou transferir a propriedade do carro de Ormond para seu nome. A investigação segue em andamento para esclarecer todos os detalhes desse complexo e trágico caso.