Promotores contestam lei que cria escolas cívico-militares em São Paulo por ferir princípios democráticos da educação pública.

Promotores e defensores públicos levaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira (5) um pedido para declarar inconstitucional a lei estadual que institui as escolas cívico-militares em São Paulo. Aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo no último dia 21, a lei é contestada por ferir princípios democráticos do ensino público, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Plano Nacional de Educação.

Segundo a Ação Direta de Inconstitucionalidade apresentada, a gestão democrática do ensino público requer a participação efetiva de vários segmentos da comunidade escolar, como pais, professores, estudantes e funcionários, em todos os aspectos da organização da escola. A falta de debate público para a implantação do projeto educacional, devido ao curto período entre sua apresentação e aprovação, é um dos argumentos destacados na ação.

O projeto, visto como uma bandeira bolsonarista na área educacional, foi proposto pelo governador Tarcísio de Freitas e teve uma tramitação célere na Alesp, com apenas uma audiência pública para debater a proposta. Aprovado por 54 votos a favor e 21 contra, o projeto foi prometido por Tarcísio em resposta ao fim do programa nacional de fomento a escolas cívico-militares criado por Jair Bolsonaro.

Defendido pela base aliada do governador e pela bancada da bala, o projeto é questionado por promotores e defensores também pela diminuição das instituições de ensino disponíveis, o que poderia levar a uma maior evasão escolar, sobretudo entre os estudantes em situação de maior vulnerabilidade social.

Além disso, críticas são feitas ao método de ensino dessas escolas, que estimulam o cultivo do respeito à pátria, símbolos nacionais, direitos e deveres da cidadania, e o desenvolvimento de habilidades de liderança, trabalho em equipe e responsabilidade social. Para os promotores e defensores, esses critérios não têm respaldo pedagógico adequado. A discussão sobre a constitucionalidade das escolas cívico-militares em São Paulo promete se estender nos próximos dias.

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