No entanto, a resignação de Roni deu lugar à indignação quando o assunto tornou-se o projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes que proíbe as corridas de cavalos na cidade. Roni se opõe veementemente a esta proibição, alegando que os cavalos não sofrem maus tratos, mas sim os apostadores como ele.
Nascido no norte de São Paulo, Roni, que trabalhou desde criança na roça e depois como eletricista, atualmente reside em um albergue e enfrenta dificuldades financeiras. Mesmo assim, ele frequenta o Jockey Club desde a década de 1970, onde assiste às corridas sozinho ou com amigos, observando cada detalhe do evento.
Além de Roni, muitos outros frequentadores possuem histórias que se entrelaçam com o Jockey Club. Como é o caso de Isabela Garcia, publicitária que tem a tradição da família ligada ao mundo dos cavalos. Ela expressa seu medo em relação à proibição das corridas e destaca a importância do local para diversas famílias que vivem em torno das atividades do clube.
Por outro lado, profissionais do hipódromo, como o jóquei Jorge Antonio Ricardo e o chefe dos veterinários Antonio Carlos Bolino, destacam os cuidados e normas de bem-estar animal que são seguidas no local. O jóquei J. Ricardo acumula 13.309 vitórias em sua carreira, enquanto Bolino garante a saúde dos cavalos durante as competições.
Diante da polêmica em torno da proibição das corridas de cavalos, o presidente da Associação Brasileira de Criadores e Proprietários de Cavalo de Corridas, Julio Camargo, ressalta que a legislação atinge especificamente o Jockey Club, em meio a uma disputa com a prefeitura de São Paulo. A Associação entrou com um mandado de segurança contra a lei, argumentando que as corridas são regulamentadas por lei federal e fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura.
Nesse contexto, a comunidade ligada ao Jockey Club está dividida entre a tradição, os cuidados com os animais e a pressão política e econômica que ameaça o futuro das corridas de cavalos na cidade de São Paulo. A única certeza é que, para Roni e tantos outros como ele, o Jockey Club representa mais do que apenas corridas de cavalos – é parte essencial de suas vidas e memórias.