Projeto de lei proíbe corridas de cavalo em SP e revolta frequentadores do Jockey Club

Na tarde do último sábado, o eletricista aposentado Roni de Carvalho, de 75 anos, experiente frequentador do Jockey Club de São Paulo, expressou sua resignação diante do resultado de uma corrida de cavalos na qual apostou. Mesmo com uma recuperação no final, o cavalo em que apostou acabou apenas na terceira colocação. Para Roni, a essência do turfe não está em ganhar, mas sim em recuperar uma parte do que foi perdido.

No entanto, a resignação de Roni deu lugar à indignação quando o assunto tornou-se o projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes que proíbe as corridas de cavalos na cidade. Roni se opõe veementemente a esta proibição, alegando que os cavalos não sofrem maus tratos, mas sim os apostadores como ele.

Nascido no norte de São Paulo, Roni, que trabalhou desde criança na roça e depois como eletricista, atualmente reside em um albergue e enfrenta dificuldades financeiras. Mesmo assim, ele frequenta o Jockey Club desde a década de 1970, onde assiste às corridas sozinho ou com amigos, observando cada detalhe do evento.

Além de Roni, muitos outros frequentadores possuem histórias que se entrelaçam com o Jockey Club. Como é o caso de Isabela Garcia, publicitária que tem a tradição da família ligada ao mundo dos cavalos. Ela expressa seu medo em relação à proibição das corridas e destaca a importância do local para diversas famílias que vivem em torno das atividades do clube.

Por outro lado, profissionais do hipódromo, como o jóquei Jorge Antonio Ricardo e o chefe dos veterinários Antonio Carlos Bolino, destacam os cuidados e normas de bem-estar animal que são seguidas no local. O jóquei J. Ricardo acumula 13.309 vitórias em sua carreira, enquanto Bolino garante a saúde dos cavalos durante as competições.

Diante da polêmica em torno da proibição das corridas de cavalos, o presidente da Associação Brasileira de Criadores e Proprietários de Cavalo de Corridas, Julio Camargo, ressalta que a legislação atinge especificamente o Jockey Club, em meio a uma disputa com a prefeitura de São Paulo. A Associação entrou com um mandado de segurança contra a lei, argumentando que as corridas são regulamentadas por lei federal e fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura.

Nesse contexto, a comunidade ligada ao Jockey Club está dividida entre a tradição, os cuidados com os animais e a pressão política e econômica que ameaça o futuro das corridas de cavalos na cidade de São Paulo. A única certeza é que, para Roni e tantos outros como ele, o Jockey Club representa mais do que apenas corridas de cavalos – é parte essencial de suas vidas e memórias.

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