A data limite para a postagem dos produtos importados é na próxima quarta-feira, dia 20, e isso tem levado pacientes a correrem para fazer pedidos nas importadoras e até mesmo buscar soluções judiciais. A notícia pegou muitos de surpresa, como no caso do cenógrafo e DJ Fabrizio Pepe, que sofre de fibromialgia e utiliza as flores de cannabis importadas da Califórnia há alguns meses. Para ele, as flores funcionam como um analgésico imediato e também melhoram a qualidade do sono.
Com a proibição, muitos pacientes estão temerosos em ter que buscar alternativas de tratamento, seja nas farmácias ou no mercado ilegal de drogas. Estima-se que cerca de 5.000 pessoas façam uso medicinal das flores de maconha no país, importadas através de uma resolução da Anvisa de 2022. No entanto, a agência alega que a decisão se baseia na falta de evidências científicas e no alto potencial de desvio desses produtos para fins ilícitos.
A proibição também tem gerado questionamentos sobre a pressão exercida por empresas que comercializam óleos de maconha, uma vez que a importação das flores concorria diretamente com esse mercado. Porém, especialistas destacam a importância da vaporização das flores como um complemento urgente ao tratamento com óleos de cannabis, pois a vaporização gera uma concentração maior de princípios ativos no sangue do paciente, resultando em um efeito mais rápido e de duração mais curta.
Diante dessa situação, associações e empresas do setor estão se mobilizando e planejam recorrer à justiça para oferecer as flores aos pacientes que realmente necessitam. A proposta é limitar o fornecimento apenas para casos de câncer, epilepsia, doenças neuropáticas, Parkinson, Síndrome de Tourette e transtorno de ansiedade generalizada.
No entanto, pacientes como Catarina Leal, que sofre de câncer metastático nos ossos, estão preocupados, pois a quimioterapia dificulta a alimentação e a vaporização das flores melhora o apetite. Ela ressalta que o uso não é recreativo, mas sim uma necessidade, e teme que a negação desse tratamento leve as pessoas a buscarem o mercado ilegal.
A decisão da Anvisa de proibir a importação de flores de maconha para fins medicinais tem gerado uma série de discussões e levantado questionamentos sobre os impactos para os pacientes e para o mercado de produtos à base de cannabis no país. Diante disso, associações, empresas e pacientes estão se mobilizando para garantir o acesso a esses produtos e lutar por seus direitos.