De acordo com Gherman, ele foi acusado injustamente de apoiar o Hamas por falar sobre a necessidade de se criar um Estado palestino. Segundo ele, falar sobre isso não é o mesmo que apoiar o grupo terrorista. Ele chamou essas acusações de “manual da guerra bolsonarista contra a liberdade acadêmica”.
O pesquisador David Nemer, da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, notificou o Ministério da Justiça sobre a existência da lista de docentes. Ele considera essa tática perigosa, pois já foi usada anteriormente e colocou a segurança de professores em risco. Também é preocupante porque busca criar uma confusão conceitual ao acusar toda a esquerda de apoiar terroristas.
Essa polêmica também está mobilizando círculos acadêmicos nos Estados Unidos. Alunos de instituições de ensino prestigiosas como Harvard e NYU divulgaram comunicados alegando que os ataques do Hamas a Israel são atos legítimos de resistência palestina contra anos de ocupação. Esses comunicados geraram repercussão e críticas, mas também consequências profissionais para alguns alunos.
No Brasil, a lista elaborada pelos bolsonaristas tem gerado preocupação e medo entre os acadêmicos. O Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ está monitorando a conversa nas redes e já encontrou ameaças contra Michel Gherman. Os pesquisadores afirmam que essa lista é uma tentativa da extrema direita de impor uma dissonância cognitiva, acusando pessoas de apoiarem o Hamas na academia brasileira.
Essa situação evidencia os riscos enfrentados pelos professores e pesquisadores que se dedicam a estudar e debater questões complexas e controversas. A liberdade acadêmica e a pluralidade de ideias estão ameaçadas quando a tentativa de silenciar vozes dissidentes é incentivada e promovida, seja no Brasil ou nos Estados Unidos. É preciso garantir um ambiente de diálogo e respeito, no qual seja possível discutir e analisar diferentes perspectivas sem medo de sofrer represálias ou ser difamado.






