Com esse incentivo, Vera se tornou professora e dedicou sua vida a compartilhar o conhecimento adquirido com seus alunos, amigos e até mesmo desconhecidos que cruzavam seu caminho. Apaixonada por aprender, ela não se contentou com um curso normal e sonhava em cursar o ensino superior. Aos 23 anos, mudou-se para a capital e ingressou na Universidade de São Paulo (USP), onde se formou em geografia.
Durante o curso na USP, Vera conheceu José Carlos Abrão, que se tornou seu companheiro ao longo da vida. Juntos, enfrentaram os anos de dura ditadura militar e do AI-5. Em 1979, o casal se mudou para Dourados (MS), onde Vera lecionou na UFMS, posteriormente transformada na UFGD. Ela foi responsável por formular o curso de geografia da instituição e inspirou muitas pessoas a estudar, deixando um grande legado na região.
Apesar de não ter sido uma ativista política, Vera levava para seus alunos leituras que eram alvo de censura pelos militares, mostrando coragem e determinação. Após se aposentar, mudou-se com o marido para Ribeirão Preto, onde desfrutaram de uma vida tranquila e repleta de amor, até a doença bater à porta.
José Carlos faleceu no ano passado vítima de Alzheimer, e em fevereiro deste ano Vera foi diagnosticada com câncer em estágio avançado, vindo a falecer em julho. Ela deixa um legado de amor e dedicação à educação, além de dois filhos, Maíra e Pedro, e dois netos. O professor Zé Abrão, seu companheiro de jornada, a aguardava no além, conforme expresso em uma carta escrita pelos professores da UFGD.
A história de Vera Lucia Santos Abrão é um exemplo de superação e dedicação à educação, deixando um legado de amor e conhecimento que continuará a inspirar gerações futuras.