Príncipe de Astúrias: tragédia marítima brasileira em tempo recorde – um naufrágio de apenas 5 minutos ganha o título de “Titanic brasileiro”.

No dia 5 de março de 1916, durante a madrugada, o transatlântico Príncipe de Astúrias navegava pela costa de Ilhabela, em direção ao porto de Santos, ambos localizados em São Paulo. Oficialmente, havia 588 pessoas a bordo, incluindo 193 tripulantes, porém estima-se que havia ainda mais pessoas a bordo, imigrantes viajando sem registros. O navio havia partido de Barcelona, na Espanha, com destino a Buenos Aires, na Argentina, passando por Las Palmas, Santos e Montevidéu até chegar ao seu destino final.

Considerado o navio mais luxuoso da Espanha, o Príncipe de Astúrias tinha 150 metros de comprimento. Composto por dezenas de cabines confortáveis, o navio era dividido em primeira e segunda classes, classe econômica e um setor específico para imigrantes, que abrigava quase metade das pessoas a bordo. Além disso, o navio contava com restaurante, biblioteca, deck com vidros de cristal e uma sala de música.

O naufrágio do Príncipe de Astúrias durou apenas cinco minutos. Naquela fatídica madrugada, o navio colidiu com formações rochosas na área da Ponta da Pirabura, causando uma fenda de 40 metros no casco. A casa de máquinas foi inundada em poucos minutos, resultando na explosão das caldeiras e na divisão do navio em três partes. Infelizmente, mais de 440 pessoas perderam a vida nesse trágico acontecimento.

O naufrágio do Príncipe de Astúrias ficou conhecido como o “Titanic brasileiro” devido à rapidez com que afundou. Enquanto o Titanic levou mais de duas horas para afundar completamente, o Príncipe de Astúrias naufragou em apenas cinco minutos. O capitão José Lotina, que comandava o navio, assim como o primeiro oficial Antônio Salazar Linas, nunca foram encontrados.

Mais de um século depois, a causa do naufrágio ainda é motivo de controvérsia. Especula-se que havia imigrantes europeus sendo transportados clandestinamente, já que foram encontradas sepulturas nas praias. O Príncipe de Astúrias era um navio misto, transportando não apenas passageiros, mas também cargas valiosas, como metais e estátuas de bronze que seriam destinadas a um monumento em Buenos Aires.

Hoje em dia, os destroços do Príncipe de Astúrias estão localizados em uma profundidade de nove a 30 metros no litoral norte de São Paulo. É possível fazer mergulhos para explorar os destroços, porém a área é desafiadora devido à agitação da água e à baixa visibilidade. Ainda assim, mergulhadores experientes têm a oportunidade de observar itens como banheiras, chuveiros e utensílios que compunham o navio.

Muitas das relíquias recuperadas do naufrágio, incluindo talheres, pratos e até mesmo bonecas pertencentes às crianças a bordo, estão expostas no Museu Náutico de Ilhabela. Inaugurado em junho de 2022, o museu recebeu cerca de 85 mil visitantes desde então.

O naufrágio do Príncipe de Astúrias é uma parte importante da história marítima do Brasil e continua a atrair interesse e curiosidade até os dias atuais. A controvérsia em torno do acontecimento continua a intrigar pesquisadores e entusiastas da história.

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