Primeira indígena a comandar o Museu Nacional dos Povos Indígenas trabalha para reabrir edifício fechado há quase 8 anos.

A advogada Fernanda Kaingáng, primeira indígena a concluir o mestrado em Direito na Universidade de Brasília (UnB) e doutora em patrimônio cultural e propriedade intelectual pela Universidade de Leiden, na Holanda, assumiu a direção do Museu Nacional dos Povos Indígenas em dezembro do ano passado. Seu objetivo principal é reabrir o museu, localizado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, que está fechado ao público há quase oito anos.

O Museu Nacional dos Povos Indígenas, criado em 1953 por Darcy Ribeiro, tem como missão preservar e divulgar o patrimônio cultural dos povos indígenas brasileiros. A gestão de Fernanda Kaingáng vem promovendo discussões importantes, principalmente relacionadas à necessidade de descolonizar mentes e corações, visando por fim ao genocídio histórico dos povos indígenas.

A diretora destaca que a negação de direitos aos povos indígenas ao longo da história não se trata apenas de invisibilidade, mas sim de dolo. Nesse sentido, a gestão do museu pretende valorizar a diversidade dos povos indígenas e fortalecer as mobilizações de resistência.

Enquanto as obras para a reabertura completa do museu ainda não têm previsão de conclusão, os jardins foram abertos ao público em janeiro deste ano. Além disso, o museu recebeu a repatriação de cerca de 600 peças etnográficas que estavam de forma irregular na França, e também um manto do povo Tupinambá que estava na Dinamarca desde pelo menos 1699.

Fernanda Kaingáng enfatiza a importância da repatriação dessas peças como parte de um processo de reparação cultural e ressalta a necessidade de respeitar as tradições e espiritualidade dos povos indígenas. Ela também destaca a importância do protagonismo indígena na gestão e preservação do patrimônio cultural.

A entrevista concedida por Fernanda Kaingáng à Agência Brasil abordou diversos temas, como a luta pela reabertura do museu, a importância da repatriação de peças culturais, a defesa dos direitos dos povos indígenas e a necessidade de repensar as bases em que a sociedade está inserida para garantir um futuro sustentável e inclusivo.

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