Presidente eleito da Argentina adota postura moderada e convida Lula para posse; relações com China e Brasil são reavaliadas.

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, está aos poucos deixando para trás o tom radical e adotando uma postura mais moderada. A mensagem do líder chinês, Xi Jinping, com felicitações pela vitória na eleição de domingo foi agradecida por Milei, que também indicou que o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, seria bem-vindo em sua cerimônia de posse, no dia 10. O gesto é significativo, uma vez que Lula e Xi foram alvos preferenciais de Milei durante a campanha.

Durante a campanha, Milei chegou a fazer declarações polêmicas contra a China e o Brasil, afirmando que não faria comércio com os chineses e chamando Xi de “assassino”, além de chamar Lula de “comunista” e “ladrão”. No entanto, a realidade comercial da Argentina com esses dois países é significativa. A China investiu US$ 1,34 bilhão na Argentina em 2022 e o comércio bilateral com o Brasil chegou a US$ 28,4 bilhões no ano passado.

A mudança de tom de Milei também se reflete nas declarações feitas pela futura chanceler de sua gestão, Diana Mondino, que afirmou que Lula seria convidado para a cerimônia de posse e indicou que gostaria que ele estivesse presente. No entanto, ministros de Lula descartaram essa possibilidade, especialmente considerando a presença do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que foi convidado por Milei.

Além disso, Milei tem desmontado os obstáculos que armou durante a campanha com relação à China, respondendo em tom conciliatório a uma mensagem de Xi que expressava disposição em trabalhar com a Argentina. A partir do dia 10, quando tomar posse, Milei terá que tomar decisões importantes de política externa, incluindo o grau de envolvimento da Argentina com o Mercosul. Milei já havia chamado o Mercosul de “estorvo” durante a campanha, mas ainda não se sabe se ele pretende retirar a Argentina do bloco ou manter sua posição.

Outra questão a ser enfrentada por Milei é o papel da Argentina no Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, no qual a Argentina foi aprovada como membro em agosto. Durante a campanha, Milei declarou seu alinhamento geopolítico com os EUA e Israel, deixando dúvidas sobre a continuidade do país no Brics após assumir o cargo. Resta aguardar para ver como o presidente eleito da Argentina lidará com todas essas questões a partir do dia 10.

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