Presidente do ICMBio nega abuso policial em reserva e afirma que denúncias serão investigadas

Na última terça-feira (31), a CPI das ONGs deu continuidade às investigações sobre supostos excessos cometidos pelos agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) contra moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. O depoimento do presidente do ICMBio, Mauro Oliveira Pires, foi ouvido durante a reunião.

O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) foi o responsável por requerer a reunião, e o senador Plínio Valério (PSDB-AM), que preside o colegiado, apresentou vídeos que mostram moradores da reserva acusando agentes governamentais fortemente armados de depredar suas residências. Além disso, também foram feitas denúncias de que o ICMBio dificulta a criação de gado e a abertura de novas escolas na região.

No entanto, Mauro Oliveira Pires negou que os relatos de excesso policial se refiram aos agentes do ICMBio e garantiu que todas as denúncias serão apuradas. Ele afirmou que os agentes não utilizam armas de grande porte como as mostradas nos vídeos e atribuiu o aumento da fiscalização na reserva ao crescimento do desmatamento.

O presidente do ICMBio ressaltou que o instituto possui diferentes instâncias de governança para coibir excessos e que, havendo algum abuso, medidas serão tomadas. Ele também mencionou que o desmatamento tem crescido vertiginosamente nos últimos anos e que o governador do Acre assinou um decreto estabelecendo emergências ambientais nos municípios do estado.

Durante a reunião, os senadores Weverton (PDT-MA) e Damares Alves (Republicanos-DF) criticaram os casos de excessos na abordagem dos agentes do ICMBio, enquanto o senador Beto Faro (PT-PA) defendeu a realização de iniciativas de conscientização e informação para reduzir as infrações na reserva.

No contexto da discussão, também foram questionados os critérios para escolha do presidente do ICMBio, com senadores apontando um possível conflito de interesses. O senador Marcio Bittar (União-AC), relator no colegiado, levantou o envolvimento de Mauro Oliveira Pires e das pessoas que indicaram seu nome à presidência do ICMBio com ONGs ambientalistas.

Mauro Oliveira Pires explicou que sua indicação foi influenciada por sua carreira como servidor concursado no ICMBio desde 2009 e que a participação do instituto em parceria com as ONGs está prevista na legislação vigente. No entanto, o senador Marcio Bittar criticou a suposta influência de ONGs estrangeiras na política ambiental brasileira.

Outro assunto abordado durante a reunião foi a situação da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, que apresenta altos índices de desmatamento e dificuldade na desapropriação de terras para torná-las de domínio público da União. Mauro Oliveira Pires destacou a preocupação do ICMBio com essa região e afirmou que há todo um processo legal para tratar dessas questões.

Em resumo, a audiência da CPI das ONGs com o presidente do ICMBio serviu para esclarecer as denúncias de excessos cometidos pelos agentes do órgão na Reserva Extrativista Chico Mendes. Mauro Oliveira Pires negou as acusações e garantiu que todas as denúncias serão apuradas. Além disso, foram discutidos temas como o desenvolvimento socioambiental, os critérios de escolha do presidente do ICMBio e a situação da Floresta Nacional do Jamanxim. A CPI segue em andamento e busca investigar possíveis irregularidades no uso de recursos públicos por parte das ONGs.

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