Porém, o presidente do BC manifestou preocupação com a possibilidade de os juros continuarem subindo nos Estados Unidos. Ele destacou que, caso a taxa de juros de longo prazo nos EUA continue alta e com tendência de aumento, em algum momento pode haver uma saída acelerada de recursos do Brasil.
Dessa forma, Campos Neto ressaltou a necessidade de cautela na condução da política monetária, tendo em vista que a inflação segue resiliente no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, os gastos com o serviço da dívida devem atingir uma proporção do Produto Interno Bruto (PIB) semelhante à do Brasil no próximo ano. Esse cenário, que antes era inconcebível, torna mais difícil a redução dos juros.
Além disso, ao avaliar o cenário internacional, o presidente do BC citou a mudança no modelo de crescimento da China, que passou de uma expansão baseada em infraestrutura para o consumo e a inovação. Isso deve fazer com que o gigante asiático cresça menos por algum tempo.
Campos Neto reafirmou que a prioridade da autoridade monetária é combater a inflação no Brasil com o menor custo possível para a sociedade. Ele também ressaltou que o país pode ter elevado seu potencial de crescimento com menor pressão inflacionária devido às reformas realizadas nos últimos sete anos.
Em relação às projeções de crescimento da economia, Campos Neto criticou as estimativas do mercado, afirmando que têm sido frequentemente subestimadas. Ele mencionou a necessidade de estudar se as reformas recentes estão gerando um crescimento estrutural mais alto para o país.
Portanto, o presidente do Banco Central defende a continuidade de uma política monetária cuidadosa e destaca a importância de acompanhar as movimentações dos juros nos Estados Unidos para evitar uma possível fuga de dólares do Brasil.