O crime ocorreu por volta das 18h, quando José Alberto, também conhecido como Doka, foi atingido por disparos de arma de fogo. Ele estava acompanhado por sua filha no momento do ataque, que felizmente não sofreu ferimentos. Testemunhas relataram que dois homens em uma moto entraram na comunidade e realizaram os disparos. Infelizmente, essa não é uma situação isolada, já que a Conaq aponta que pelo menos 35 quilombolas foram mortos nos últimos dez anos.
É importante ressaltar que o quilombo liderado por Doka foi reconhecido pela Fundação Cultural Palmares em 2005, porém, ainda não obteve o título de propriedade de território. A região é palco de diversos conflitos em razão de disputas pela terra e as ameaças são constantes, conforme relatam os quilombolas. Em nota, a Conaq ressaltou a preocupante realidade de violência direcionada aos povos quilombolas e alertou as autoridades públicas brasileiras sobre a situação.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão para obter mais informações sobre o caso, porém, até a publicação deste texto, não obteve resposta.
É importante ressaltar que a violência contra quilombolas é um problema que não se restringe ao Maranhão. De acordo com dados levantados, a Bahia, o Maranhão e o Pará são os estados com maior número de registros de mortes violentas de quilombolas no Brasil.
Um caso emblemático ocorreu na Bahia, onde Mãe Bernadete, líder quilombola, foi assassinada a tiros dentro do terreiro de candomblé que comandava na cidade de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, no mês de agosto deste ano.
Além disso, o Maranhão se destaca como o estado brasileiro com a maior proporção de quilombolas em sua população, representando 3,97% do total. Em sequência, temos a Bahia com 2,81% e o Amapá, com 1,71%, de acordo com o Censo 2022 do IBGE.
A cidade de Alcântara, localizada no Maranhão, também chama atenção por ter a maior proporção de quilombolas em sua população, com quase 85% das pessoas pertencendo a esse grupo específico, totalizando 15,6 mil quilombolas.
É importante que as autoridades públicas assumam seu papel de proteção e garantam a segurança das lideranças quilombolas, assim como a regularização dos territórios. É inaceitável que essas comunidades ainda enfrentem ameaças e episódios de violência devido à disputa por suas terras. É necessário um esforço conjunto para combater a violência e garantir os direitos desses povos historicamente marginalizados.