A cidade fronteiriça uruguaia de Rivera é um lugar onde os moradores enfrentam diariamente a realidade dos altos preços de produtos de consumo básico. Um simples tubo de pasta de dente de 180 gramas pode custar 243 pesos, enquanto do outro lado da rua, em Sant’Ana do Livramento, no Brasil, o mesmo produto produzido em São Paulo sai por apenas R$ 6,99. Essa discrepância nos preços é apenas um exemplo do custo de vida elevado no Uruguai em comparação com seus vizinhos.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos para o Desenvolvimento (CED) revelou que os preços dos produtos importados no Uruguai chegam a triplicar quando chegam às prateleiras dos mercados locais. Sabonetes, desodorantes e outros itens também apresentam diferenças significativas nos preços, chegando a custar seis vezes mais do que o valor de entrada no país.
Comparando com outros países, o Uruguai se destaca por ser 27% mais caro em média. Países europeus desenvolvidos como França, Alemanha e Reino Unido apresentam preços mais acessíveis do que os encontrados em cidades uruguaias como Rivera e Montevidéu. A situação se agrava quando comparada com outros países da América Latina, onde os produtos uruguaios chegam a custar mais que o dobro em relação à Bolívia, 80% a mais do que no México e 20% a mais do que no Brasil e na Argentina.
Esse fenômeno, conhecido como “efeito país”, é resultado de condições específicas que tornam o Uruguai um lugar caro para se viver. A falta de concorrência e os setores regulados pelo Estado são apontados como as principais razões para os altos preços. Além disso, o sistema tributário e o alto custo da energia também contribuem para a realidade econômica do país.
Apesar de ser considerado um país de alta renda, os uruguaios sentem no bolso a dificuldade de manter um padrão de vida compatível com seus salários. Os especialistas apontam que o estado de bem-estar social proporcionado pelo Uruguai tem seus custos, que se refletem nos preços dos produtos. A busca por soluções que promovam a concorrência e reduzam as barreiras regulatórias é essencial para tornar o país mais acessível aos seus cidadãos e turistas.
