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PF revela a intensificação das ações clandestinas de rastreamento de celulares em período eleitoral pela Abin paralela

A Polícia Federal colheu informações que revelam indícios de criação de um aparato paralelo na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para atender a interesses políticos da família Bolsonaro, principalmente durante as eleições municipais de 2020. De acordo com a PF, mais de 60 mil consultas foram realizadas pela agência ao sistema First Mile, sendo que 30 mil delas aconteceram durante o período eleitoral.

O sistema First Mile foi adquirido pela Abin durante a gestão do deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) e permite rastrear a localização de aparelhos celulares. A Polícia Federal suspeita que uma das atividades desse sistema tenha sido a de monitorar opositores ao governo de Jair Bolsonaro, o que motivou a realização de operações de busca e apreensão contra o parlamentar e Carlos Bolsonaro.

Nesta segunda-feira, um novo mandado de busca e apreensão foi executado na residência do vereador fluminense Carlos Bolsonaro, e a PF citou um trecho de relatório da PF com base em informações apresentadas pela Corregedoria-Geral da União (CGU), que aponta a intensificação das atividades da suposta Abin paralela no período eleitoral de 2020.

A PF registrou que houve uma discrepância significativa entre a quantidade de consultas ao sistema First Mile durante o período eleitoral em relação ao resto do tempo em que foi empregada. Além disso, foi rastreada uma troca de mensagens de texto entre uma assessora de Carlos Bolsonaro e uma assessora de Ramagem, solicitando informações sobre um inquérito policial que supostamente envolvia Jair Bolsonaro e três de seus filhos.

Para o relator do inquérito, as provas colhidas pela PF indicam que o núcleo político da Abin paralela “se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras”. Além disso, foi destacada a criação de núcleos da Abin paralela para tentar vincular a imagem de rivais ao grupo armado Primeiro Comando Capital (PCC), bem como perseguir agentes públicos.

O relator ressaltou a possibilidade de a atuação da Abin contra rivais da família Bolsonaro ter sido ainda mais intensa sob a gestão de Ramagem, e comentou que os indícios apontam a possibilidade de identificação de ainda mais núcleos de atuação da organização criminosa, com participação de outros agentes ainda não identificados.

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