Os resultados dos estudos realizados pelo IEC evidenciam a possibilidade de transmissão vertical do vírus da febre oropouche, porém, as limitações da pesquisa impedem a confirmação de que a infecção durante a gestação seja a causa das malformações neurológicas nos bebês. A presença de anticorpos IgM contra o vírus da oropouche foi detectada em quatro dos bebês com microcefalia analisados, sendo que três deles apresentaram os anticorpos com apenas um dia de vida.
Por outro lado, os achados em um caso de morte fetal com 30 semanas de gestação revelaram a presença de material genético do vírus OROV em diferentes órgãos fetais, incluindo tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço do feto. Essa evidência fortalece a hipótese de transmissão vertical do vírus, sendo necessárias análises complementares para conclusões definitivas.
Essa descoberta reacende preocupações em relação ao histórico de transmissão de doenças virais durante a gestação, como foi o caso da relação entre o vírus zika e a microcefalia em 2015. A comunidade científica ainda aguarda mais testes e estudos para confirmar a efetiva ligação entre o vírus oropouche e as malformações documentadas nos bebês, porém, o alerta é de que a transmissão vertical pode representar um risco real para a saúde neonatal.
O Ministério da Saúde já havia emitido um alerta sobre o aumento dos casos de febre do oropouche no Brasil em maio, com um significativo aumento nos diagnósticos entre 2023 e 2024. A disseminação da doença para diversas regiões do país é um fator preocupante, e a constatação de transmissão vertical apenas reforça a importância da vigilância e prevenção para evitar novos casos de microcefalia relacionados ao vírus da oropouche.