De acordo com o jornalista, Bolsonaro utiliza o discurso de perseguição para se posicionar como vítima de uma “elite corrupta” e como alguém que enfrenta resistência por parte dos poderosos. Essa estratégia, segundo Manso, é bastante atrativa para o público evangélico, que tende a se identificar com a figura do excluído e perseguido.
Além disso, Bolsonaro também utiliza o discurso de ser o ungido de Deus, o escolhido para liderar o país e combater o mal. Esse apelo religioso tem um grande poder de persuasão para muitos evangélicos, que enxergam na figura do presidente um líder divinamente escolhido para governar.
Manso ressalta que essa estratégia de mesclar discursos de perseguição e ungido de Deus não é exclusiva de Bolsonaro, mas tem sido uma constante na história política brasileira. Diversos líderes políticos têm utilizado esses discursos para conquistar e manter o apoio dos evangélicos, que representam uma parcela significativa da população brasileira.
O pesquisador também destaca o papel fundamental das igrejas evangélicas nesse processo. Muitas delas, segundo ele, têm se aproximado do poder político, estabelecendo alianças e influenciando diretamente o voto dos fiéis. Essa relação entre religião e política tem se mostrado cada vez mais evidente no Brasil, e Bolsonaro tem sabido aproveitar essa proximidade para consolidar seu apoio entre os evangélicos.
No entanto, Manso ressalta que essa estratégia também tem seus limites. Ele destaca que, apesar do apoio robusto que Bolsonaro ainda conta entre os evangélicos, uma parcela significativa desse público tem se mostrado cada vez mais crítica em relação ao governo. O descontentamento com a condução da pandemia, por exemplo, tem abalado a imagem do presidente junto a muitos fiéis.
Em suma, a estratégia de Bolsonaro de misturar os discursos de perseguição e ungido de Deus tem se mostrado eficaz na conquista e manutenção do apoio do público evangélico. No entanto, o descontentamento com sua gestão tem levado a uma diminuição desse apoio, mostrando que, mesmo poderoso, esse segmento tão importante da sociedade não é imune a questionamentos e críticas.






