Pescadora sofre com contaminação no rio Paraopeba após rompimento de barragem da Vale em Brumadinho há 5 anos.

Romper a barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, em 2019, gerou grandes impactos na vida de diversas famílias que vivem às margens do rio Paraopeba, bem como no meio ambiente local. Um exemplo disso é Ediléia Aparecida de Oliveira, pescadora de 45 anos, que viu a tradição de sua família e a principal fonte de sustento de sua família ameaçada pelo desastre.

Ediléia, que reside em Abaeté, na região central de Minas Gerais, relatou que a quantidade de peixes no rio Paraopeba diminuiu drasticamente e que os poucos que ainda se encontram no local possuem um forte odor, o que afeta diretamente a sua atividade pesqueira. Antes do rompimento da barragem, a família de Ediléia, composta também por seu marido e cinco filhos pescadores, obtinha cerca de R$ 3.000 mensais com a pesca, valor que caiu para menos de R$ 600 após o desastre.

Além disso, o governo do estado recomendou que a água do rio Paraopeba não seja utilizada para nenhum fim, seja ele humano, animal, pesqueiro, irrigação ou banho. Apesar disso, a Vale alega que a qualidade das águas do rio é semelhante à verificada antes do rompimento da barragem, principalmente em períodos secos, e que está investindo bilhões de reais em um plano para recuperação da bacia do Paraopeba.

No entanto, levantamentos realizados pelo Instituto Guaicuy identificaram a presença de metais pesados em peixes em localidades a jusante do rio, como Felixlândia, com índices superiores aos recomendados para ingestão humana. Esta situação gera incertezas e questionamentos por parte dos habitantes locais, incluindo a pescadora Ediléia, sobre a segurança da pesca, do consumo de peixes e do contato com a água do rio.

Marcus Vinícius Polignano, diretor do Instituto Guaicuy, destacou a falta de informação para a população atingida e a redução de recursos para os levantamentos e ações das entidades envolvidas. A Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais reforçou a recomendação de não utilização da água bruta do Paraopeba e informou que realiza monitoramentos mensais em 14 pontos da bacia do rio.

O cenário é de incertezas e preocupações para as famílias que dependem da pesca e da água do Paraopeba como fonte de renda e sustento, enquanto órgãos responsáveis tentam lidar com os impactos e buscar soluções para a recuperação da região afetada pelo desastre ambiental. Essa realidade deixa em evidência as sérias consequências geradas por tragédias como o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, e a importância de medidas efetivas de prevenção e reparação.

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