Ediléia, que reside em Abaeté, na região central de Minas Gerais, relatou que a quantidade de peixes no rio Paraopeba diminuiu drasticamente e que os poucos que ainda se encontram no local possuem um forte odor, o que afeta diretamente a sua atividade pesqueira. Antes do rompimento da barragem, a família de Ediléia, composta também por seu marido e cinco filhos pescadores, obtinha cerca de R$ 3.000 mensais com a pesca, valor que caiu para menos de R$ 600 após o desastre.
Além disso, o governo do estado recomendou que a água do rio Paraopeba não seja utilizada para nenhum fim, seja ele humano, animal, pesqueiro, irrigação ou banho. Apesar disso, a Vale alega que a qualidade das águas do rio é semelhante à verificada antes do rompimento da barragem, principalmente em períodos secos, e que está investindo bilhões de reais em um plano para recuperação da bacia do Paraopeba.
No entanto, levantamentos realizados pelo Instituto Guaicuy identificaram a presença de metais pesados em peixes em localidades a jusante do rio, como Felixlândia, com índices superiores aos recomendados para ingestão humana. Esta situação gera incertezas e questionamentos por parte dos habitantes locais, incluindo a pescadora Ediléia, sobre a segurança da pesca, do consumo de peixes e do contato com a água do rio.
Marcus Vinícius Polignano, diretor do Instituto Guaicuy, destacou a falta de informação para a população atingida e a redução de recursos para os levantamentos e ações das entidades envolvidas. A Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais reforçou a recomendação de não utilização da água bruta do Paraopeba e informou que realiza monitoramentos mensais em 14 pontos da bacia do rio.
O cenário é de incertezas e preocupações para as famílias que dependem da pesca e da água do Paraopeba como fonte de renda e sustento, enquanto órgãos responsáveis tentam lidar com os impactos e buscar soluções para a recuperação da região afetada pelo desastre ambiental. Essa realidade deixa em evidência as sérias consequências geradas por tragédias como o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, e a importância de medidas efetivas de prevenção e reparação.