De acordo com o estudo do FMI, os subsídios ao carvão, petróleo e gás natural foram equivalentes a 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Essa quantia foi superior aos investimentos em educação e representou dois terços dos gastos com saúde em todo o mundo.
Vale ressaltar que esse valor inclui os chamados subsídios implícitos, que são o resultado da cobrança inadequada dos governos em relação aos custos ambientais da queima de combustíveis fósseis. Esses custos, que englobam a poluição do ar e o aquecimento global, foram apontados pelo FMI como responsáveis pela maior parte dos subsídios globais.
Os pesquisadores preveem que esse valor cresça ainda mais à medida que os países em desenvolvimento aumentem seu consumo de combustíveis fósseis. Esse relatório do FMI chega em um momento em que o mundo enfrenta as temperaturas médias mensais globais mais altas já registradas, uma consequência direta do aumento das temperaturas causado pela queima de combustíveis fósseis.
Outro dado relevante apresentado pelo relatório é que os subsídios “explícitos”, ou seja, aqueles em que os consumidores pagam menos do que os custos de fornecimento de combustíveis fósseis, triplicaram desde a última análise do FMI, passando de US$ 500 milhões em 2020 para US$ 1,5 bilhão em 2022.
Embora recentes estimativas do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD) tenham apontado que os subsídios das economias do G20 totalizaram US$ 1,4 trilhão, incluindo investimentos de empresas estatais e empréstimos de instituições financeiras públicas, o relatório do FMI afirma que o aumento dos subsídios explícitos se deve a medidas temporárias de apoio dos governos. Ainda assim, espera-se que esses subsídios diminuam nos próximos anos.
No que diz respeito à distribuição dos subsídios globais, a Ásia Oriental e a região do Pacífico foram responsáveis por quase metade do total. A China lidera a lista como o maior subsidiador de combustíveis fósseis, seguida pelos Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Índia.
Embora os líderes do G20 tenham concordado em eliminar gradualmente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis desde 2009, a crise energética e o aumento acentuado do custo de vida levaram os governos a intervir com limites máximos de preços da energia e subsídios aos combustíveis.
Essa falta de progresso na redução das emissões de gases do efeito estufa preocupa especialistas e ativistas climáticos, especialmente em relação à próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), que ocorrerá em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. As emissões de gases do efeito estufa precisam ser reduzidas em 43% até 2030 para evitar mudanças irreversíveis no planeta.
Em resumo, o relatório do FMI revelou um aumento sem precedentes nos subsídios globais aos combustíveis fósseis, atingindo um total de US$ 7 trilhões em 2022. Essa quantia recorde representa um grande obstáculo para a redução das emissões de gases do efeito estufa e a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis.