Operações policiais em paróquias nicaraguenses geram tensão com a Igreja: “Maior ofensiva desde 2023”, afirmam ativistas.

Na última quinta e sexta-feira, a polícia nicaraguense intensificou suas operações nas paróquias das dioceses de Matagalpa e Estelí, no norte do país. Segundo relatos da advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina, que atualmente está exilada nos Estados Unidos, as forças policiais estavam presentes nessas regiões, causando preocupação e tensão entre a população local.

A ativista de direitos humanos nicaraguense Haydee Castillo, também exilada nos EUA, denunciou que no final da tarde de sexta-feira, Matagalpa estava completamente cercada por policiais e forças paramilitares. A presença massiva das forças de segurança gerou temores de possíveis repressões e violações de direitos humanos na região.

Até o momento, o governo da Nicarágua não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias feitas pelas ativistas e pesquisadoras exiladas. Essa postura de silêncio por parte das autoridades governamentais tem levantado questionamentos e críticas tanto dentro quanto fora do país.

É importante ressaltar que essas operações policiais nas paróquias de Matagalpa e Estelí estão relacionadas ao suposto apoio da Igreja aos protestos antigovernamentais de 2018. O presidente Daniel Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, acusam os líderes religiosos de incentivar a desestabilização do governo, caracterizando os protestos como uma tentativa de golpe de Estado patrocinada pelos Estados Unidos.

Diante desse contexto, a retórica agressiva de Murillo ao chamar os religiosos de “filhos do demônio” e “agentes do mal” preocupa a comunidade internacional, que teme pela segurança e integridade dos líderes religiosos e da população em geral. Esta recente onda de repressão por parte do governo de Ortega representa a maior ofensiva desde dezembro de 2023, quando uma dezena de sacerdotes foram detidos, conforme relatos do coletivo de pesquisadores e ativistas. Em janeiro passado, cerca de 30 religiosos foram libertados e enviados ao Vaticano em um gesto de apaziguamento por parte das autoridades nicaraguenses.

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