De acordo com as investigações lideradas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, a favela do Moinho, controlada pelo traficante, funcionava como uma espécie de quartel-general do Primeiro Comando da Capital (PCC) no centro da cidade. O local servia como ponto de abastecimento de drogas para a cracolândia, além de abrigar pontos de embalagem de entorpecentes e ser palco de julgamentos extrajudiciais realizados pelo “tribunal do crime”.
As investigações também revelaram que a favela do Moinho estava equipada com câmeras de vigilância, vigilantes e antenas de comunicação clandestinas capazes de captar o sinal dos rádios transmissores das polícias. Além disso, os criminosos utilizavam equipamentos de rádio transmissão para monitorar a movimentação policial na região.
Batizada de Salus et Dignitas (saúde e dignidade, em latim), a operação contou com a participação das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho, Receita Federal, Anatel e Secretaria de Assistência Social do governo. O objetivo da operação era desmantelar a estrutura de controle dos grupos criminosos locais para romper com o domínio exercido pelo PCC na região.
Ao todo, foram cumpridos 85 mandados de busca e apreensão, 48 medidas de confisco e bloqueio de bens, além de 45 medidas de suspensão de atividades econômicas e interdição de estabelecimentos. Sete pessoas consideradas lideranças ou peças-chave desses grupos criminosos tiveram suas prisões preventivas decretadas.
A operação representa um novo modelo de intervenção, envolvendo múltiplos órgãos públicos, com o intuito de combater as práticas criminosas presentes no centro de São Paulo, especialmente as relacionadas ao tráfico de drogas. A ação visa também atacar as atividades ilegais que se aproveitam da dependência química e vulnerabilidade social das pessoas para obter lucro.