O documento também destacou que as mulheres são mais suscetíveis do que os homens à exposição às altas temperaturas, devido a questões fisiológicas e também a fatores como o acesso limitado aos serviços de saúde e a violência de gênero. Além disso, as mulheres geralmente são as principais responsáveis pelo cuidado de crianças e bebês, o que as torna particularmente vulneráveis em situações de calor excessivo.
Além dos impactos diretos na saúde, as ondas de calor também afetam as mulheres de outras maneiras, particularmente quando se trata de trabalho remunerado e cuidados não remunerados. De acordo com um relatório divulgado pelo Adrienne Arsht-Rockefeller Foundation Resilience Center, as mulheres enfrentam mais frequentemente responsabilidades relacionadas a cuidados de saúde causados pelo calor em comparação aos homens. Isso acaba gerando uma disparidade salarial ainda maior, particularmente em situações de diminuição da renda relacionada ao calor excessivo.
Em relação aos impactos econômicos, pesquisadores descobriram que o calor representa uma perda de produtividade no trabalho remunerado das mulheres que é 260% maior do que a dos homens em países como Estados Unidos, Índia e Nigéria. Isso gera um custo anual de US$120 bilhões para os países em questão.
Além disso, os efeitos das mudanças climáticas sobre as mulheres não se restringem apenas à saúde e ao trabalho. Questões migratórias, violência, evasão escolar e outros fatores também tornam as mulheres mais vulneráveis em situações de temperatura extrema.
Num contexto de desigualdade de gênero estrutural, as mulheres de baixa renda, em especial aquelas que trabalham na informalidade, como ambulantes ou domésticas, são particularmente afetadas. Além disso, mulheres negras também sofrem com o racismo ambiental, que resulta em discriminação e preconceito devido às condições climáticas.
É importante reconhecer que as mudanças climáticas afetam a todos, mas são os grupos em situação de vulnerabilidade que acabam sendo os mais expostos e que encontram mais dificuldades em lidar com os riscos gerados por temperaturas extremas.
Além de destacar os impactos das mudanças climáticas sobre as mulheres, a newsletter traz, como de costume, um resumo de notícias e informações relevantes para as leitoras. A última edição inclui dados sobre a violência contra a mulher, estatísticas preocupantes sobre estupros e feminicídios, além de uma entrevista com a feminista italiana Silvia Federici, que traz reflexões sobre o lugar das mulheres no capitalismo.
A publicação também traz recomendações de conteúdos para assistir e indicações de lugares para visitar. Entre elas, destaca-se o documentário “Incompatível Com a Vida”, que aborda as dores da perda gestacional e a visão visceral do aborto. Além disso, uma padaria em São Paulo é recomendada como um local para comer e, por que não, beber.
Essas são apenas algumas das questões e reflexões abordadas na última edição da newsletter Todas, que continua a trazer discussões importantes sobre os desafios enfrentados pelas mulheres em diferentes esferas da vida, incluindo a saúde, o trabalho e a luta contra a violência de gênero.
Se você se identifica com essas questões e gostaria de receber essa newsletter informativa, você pode inscrever-se para recebê-la diretamente em seu email, todas as quartas-feiras. O objetivo da Todas é oferecer um espaço de troca e reflexão pensado exclusivamente para mulheres, abordando temas relevantes para a luta por igualdade de gênero e uma sociedade mais justa.