A demissão do ex-ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, seguida pela saída de todos os comandantes das Forças Armadas, mostrou claramente a insatisfação de Bolsonaro com a falta de lealdade dos militares em relação às suas ações e ideias. No entanto, ao invés de se pronunciar e defender a instituição das acusações de politização, os altos comandantes optaram por se calar, o que apenas reforça as suspeitas de que ainda há uma conexão entre o aparato militar e o governo.
O silêncio do alto-comando também é um desrespeito aos princípios da ética militar. Um dos pilares fundamentais das Forças Armadas é a hierarquia e disciplina, que exigem dos militares lealdade à Constituição e ao povo brasileiro. Ao se manterem calados diante dos desmandos e declarações controversas do presidente, os altos comandantes demonstram uma quebra dessa lealdade e uma submissão à vontade do chefe máximo.
Além disso, o silêncio do alto-comando é um desfavor à própria imagem das Forças Armadas. Após anos de escândalos de corrupção e episódios controversos envolvendo militares, era necessário que a instituição buscasse recuperar a confiança da população e mostrar-se como uma força democrática e comprometida com o bem-estar do país. No entanto, ao se omitirem diante das afrontas de Bolsonaro, os altos comandantes apenas reforçam a imagem de uma instituição subserviente e politizada.
É importante ressaltar que nem todos os militares compactuam com essa postura. Há, dentro das Forças Armadas, aqueles que desejam manter a instituição alheia a qualquer tipo de politicagem e que resistem à influência do governo atual. Esses militares são os que têm verdadeira devoção à pátria, respeito à farda e amor-próprio. No entanto, essas vozes ficam abafadas diante do silêncio do alto-comando.
É hora de os militares que ainda prezam pelos valores democráticos e pela dignidade da profissão militar se levantarem e se manifestarem. O país precisa de líderes comprometidos com a defesa da democracia e do Estado de Direito. É preciso resgatar o prestígio das Forças Armadas e reafirmar a sua importância como instituição de defesa nacional, independentemente dos interesses políticos.
Portanto, o silêncio do alto-comando do Exército Brasileiro é um sinal alarmante de que ainda há um longo caminho a percorrer para que a instituição recupere sua credibilidade e sua independência. Os militares com verdadeiro amor à pátria não podem se calar diante da suspeita de politização e subserviência ao governo. É hora de fazerem barulho e reafirmarem, com coragem e convicção, o compromisso com os valores e princípios que regem as Forças Armadas.