O Memorial da Resistência, em São Paulo, realiza a Semana de Direitos Humanos com diversas atividades e debates.

O Memorial da Resistência de São Paulo dará início, no próximo dia 23 de novembro, à Semana de Direitos Humanos e Democracia: Construindo um país mais humano, em parceria com a Fundação Friedrich Ebert (FES). O evento contará com atividades até o dia 27 de novembro e está aberto para inscrições de participantes.

Uma das principais atrações da semana é a exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência, que está em sua reta final e ainda pode ser conferida através de visita mediada. A mostra, que teve a participação de mais de 80 mil pessoas em um período de mais de um ano, tem como objetivo dar visibilidade às mobilizações da população negra no estado de São Paulo, desde o ano de 1888, quando ocorreu a abolição da escravatura, até os dias atuais. A curadoria da exposição fica a cargo do sociólogo e escritor Mário Medeiros.

Segundo Ana Pato, diretora da instituição, a cultura democrática só pode ser fortalecida se houver o enfrentamento ao racismo. Ela destaca que uma das questões com as quais o movimento negro trabalha é o mito da democracia racial, levantando a reflexão sobre qual democracia está sendo discutida. Ana Pato ressalta também a importância da aproximação entre movimentos sociais e instituições museológicas, citando que parte das comemorações dos 45 anos do Movimento Negro Unificado ocorreram no Memorial da Resistência.

Outro destaque da semana de direitos humanos é a Coleta Pública de Testemunhos: Memórias do Futuro – Lésbicas e Negras, que acontecerá no contexto do mês da Visibilidade Lésbica, no próximo sábado, dia 26 de novembro. O memorial já realizou coletas coletivas e individuais de relatos anteriormente, e essa atividade visa dar visibilidade às histórias de mulheres lésbicas negras.

A diretora do memorial, Ana Pato, afirma que a instituição tem chamado cada vez mais atenção nos últimos tempos, ampliando seu público, que antes era composto majoritariamente por professores e acadêmicos de história. Ela destaca que, no início do governo Bolsonaro, muitos visitantes, inclusive estudantes, aderiram ao negacionismo e ao revisionismo histórico, o que levanta questionamentos sobre a eficácia das vacinas em meio à pandemia de covid-19. Porém, Ana Pato acredita que contra fatos não há argumentos, e quanto mais os fatos são documentados e divulgados, menos espaço há para contestações.

Ela ressalta a importância de olhar para o memorial como um lugar de memória que articula política pública, relacionada aos crimes de Estado cometidos no passado. Ana Pato também afirma a necessidade de falar sobre direitos humanos no Brasil e de enfrentar os períodos de autoritarismo, trabalhando com esses temas de forma aberta e sem tabus.

Além das atividades da Semana de Direitos Humanos e Democracia, o memorial está lançando matérias jornalísticas de Julia Kumpera em seu site, como parte do projeto “Lesbianidade em tempos verde-oliva: políticas repressivas e sociabilidade lésbica”, viabilizado pelo edital Memórias do Presente: Comunicação em Direitos Humanos. Este projeto aborda a repressão e a sociabilidade lésbica em períodos de regime militar.

A Semana de Direitos Humanos e Democracia do Memorial da Resistência de São Paulo promete trazer uma reflexão sobre a construção de um país mais humano, através do enfrentamento ao racismo e da preservação da memória dos momentos sombrios da história brasileira. Com uma programação diversa e aberta para participantes interessados, espera-se que o evento desperte discussões relevantes e promova a conscientização sobre a importância dos direitos humanos e da democracia.

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