O impacto da PDVSA no carnaval carioca: da bonança à crise econômica e política na Venezuela

A participação da estatal venezuelana PDVSA no carnaval carioca em 2006 foi muito mais do que apenas uma presença festiva. Naquele momento, a empresa era uma potência no setor de petróleo, produzindo quase 3 milhões de barris por dia e gerando um lucro anual de 5 bilhões de dólares. Essa imensa capacidade produtiva estava direcionada para sustentar o projeto chavista, tanto interna quanto externamente. Em 2005, mais de 3 bilhões de dólares do faturamento da PDVSA foram destinados à construção das chamadas “Misiones”, que eram políticas públicas abrangentes, abrangendo uma variedade de áreas para atender às necessidades da população.

A presença da PDVSA também se estendia para além das fronteiras venezuelanas, com projetos como a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, no Brasil. No entanto, devido à Operação Lava Jato, a participação venezuelana nesse projeto foi interrompida, e somente em 2014 a refinaria foi inaugurada. Essa interrupção também refletiu as mudanças no cenário político, especialmente com a hostilidade do presidente brasileiro Jair Bolsonaro em relação ao presidente venezuelano Nicolás Maduro.

Além disso, a PDVSA também teve um impacto direto na celebração do carnaval, com a contribuição para a vitória da escola de samba Vila Isabel em 2006. Essa participação foi alvo de suspeitas, principalmente por parte da oposição venezuelana, que usou isso como um pretexto para atacar o governo de Chávez.

Atualmente, após uma década de crise econômica e mais de 900 sanções impostas pelos Estados Unidos, a produção de petróleo da Venezuela diminuiu significativamente, chegando a cerca de 800 mil barris por dia. Isso representou um declínio na presença da Venezuela no cenário internacional e, consequentemente, nos investimentos em projetos como o carnaval carioca.

Em última análise, a presença da PDVSA no carnaval brasileiro refletiu a era de bonança da primeira década dos anos 2000, mas as mudanças políticas e econômicas subsequentes mostraram como essas relações podem ser voláteis. A contribuição venezuelana para o carnaval carioca não só se desvaneceu, mas também serve como um lembrete das complexidades das relações regionais e internacionais.

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