O economista argentino, Javier Milei, surpreendeu a todos ao obter a maior votação nas eleições primárias do país.

O ultradireitista Javier Milei se tornou o grande vencedor das Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) na Argentina, ganhando destaque na disputa presidencial do país. Com 97,42% dos votos apurados, Milei obteve 30,04% dos votos, superando a coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio, que obteve 28,27%, e a coalizão de esquerda Unión por la Pátria, que ficou com 27,27% dos votos.

As PASO são um termômetro para a eleição presidencial de outubro e definem as chapas que concorrerão no pleito. Milei concorre sozinho dentro de sua coalizão, enquanto tanto o governo quanto a oposição têm mais de um candidato. Além de liderar o voto por chapas, o economista também foi o candidato mais votado, conquistando cerca de 7 milhões de votos.

Em segundo lugar está Sérgio Massa, ministro da Economia da Argentina e apoiado pelo presidente Alberto Fernández e pela vice Cristina Kirchner, com cerca de 5 milhões de votos. No entanto, apesar do bom desempenho de Massa, a coalizão governista ficou em terceiro lugar no voto por chapas, marcando o pior resultado do peronismo em 12 anos de eleições primárias.

Patricia Bullrich, candidata da centro-direita e esperança dos conservadores tradicionais argentinos, foi a terceira candidata mais votada, com 4 milhões de votos. Na disputa interna do Juntos por el Cambio, Bullrich venceu o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, e garantiu uma vaga no primeiro turno das eleições de outubro.

A votação expressiva de Milei surpreendeu a Argentina. Nas horas de tensão até que os primeiros resultados fossem anunciados, o governo chegou a prever que o candidato da extrema direita poderia ter até 30% dos votos. Os resultados mostram que Milei deixou para trás a direita mais moderada da Argentina representada pelo movimento Juntos por el Cambio, que era apontado pelas pesquisas como favorito.

Javier Milei é um economista libertário que ganhou projeção na política argentina neste ano. Com um discurso de “ser diferente de tudo que está aí” e de ser “contra a casta política”, Milei conquistou a atenção dos eleitores descontentes com a crise econômica que o país enfrenta há anos.

As primárias também revelam as brigas internas dentro dos partidos políticos argentinos em busca das candidaturas presidenciais. A coalizão governista União pela Pátria travou batalhas até os últimos dias para definir um candidato, enquanto a oposição do Juntos pela Mudança saiu com dois nomes de peso para a disputa, após disputas e trocas de acusações.

Além disso, as primárias também servem como um termômetro para a política argentina. Em 2019, as prévias indicaram a vitória do peronista Alberto Fernández sobre o então presidente Mauricio Macri. Neste ano, os resultados das primárias são uma má notícia para os peronistas, que enfrentam uma crise econômica e uma inflação anual de 115%, gerando insatisfação entre a população.

O desempenho expressivo de Javier Milei nas primárias reflete o sentimento de inconformismo dos argentinos e o desejo por uma mudança radical na política do país. O candidato, que era desconhecido até conquistar uma cadeira como deputado em 2021, defende medidas econômicas radicais, como o fim do Banco Central e a dolarização da economia. Agora, Milei desponta como uma terceira força política na Argentina, que pode alterar o cenário da disputa presidencial em outubro.

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