A nova composição do bloco é fruto de intensas negociações que ocorreram durante a cúpula em Joanesburgo. Líderes como Lula (PT), Xi Jinping (China), Narendra Modi (Índia) e Ramaphosa participaram do encontro, enquanto Vladimir Putin, da Rússia, participou virtualmente devido a um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional. A Rússia é signatária do tratado que criou a corte e, portanto, a África do Sul teria a obrigação de prendê-lo caso ele colocasse os pés em solo sul-africano.
Durante as negociações para a expansão do BRICS, a China defendeu a inclusão de praticamente todos os países interessados em aderir ao bloco, contando com o apoio da Rússia e da África do Sul. Por outro lado, Brasil e Índia defenderam uma expansão mais controlada, argumentando a necessidade de estabelecer critérios para a admissão de novas nações.
Para concordar com a expansão, o Brasil buscou o apoio da China para a reforma do Conselho de Segurança da ONU. A China relutou em apoiar as mudanças no órgão, já que tem adversários regionais entre os candidatos, como o Japão e a Índia. No entanto, fontes afirmaram que houve progresso nas negociações e a declaração final da cúpula deve reconhecer as aspirações legítimas dos países do BRICS em relação à reforma do conselho.
Mais de 20 países manifestaram interesse em fazer parte do BRICS, incluindo Argélia, Bangladesh, Belarus, Cuba, Marrocos, Nigéria e Venezuela. Uma lista de candidatos fortes foi elaborada pelos membros atuais do bloco, incluindo nomes aceitáveis para todos, mas a Indonésia optou por não entrar no momento devido à ocupação da presidência da Asean.
O Brasil também expressou preocupação em evitar que o novo BRICS se tornasse um fórum internacional contra os Estados Unidos e o G7. Lula também destacou que o objetivo do BRICS não é se contrapor ao G7 ou ao G20, mas sim criar uma organização representativa do Sul Global.
Apesar de a ampliação ter sido menor do que o desejado pela China, a entrada do Irã deve fortalecer o componente antiamericano do grupo, já que foi patrocinada principalmente pela China e pela Rússia. Outro ponto de divergência foi a adoção de critérios claros para o crescimento do bloco, mas o assessor especial de Lula para política externa afirmou que o Brasil não tem problemas com nenhum dos nomes propostos.
Outro tema discutido foi o compromisso político com medidas de desdolarização do comércio exterior e a adoção de moedas de referência diferentes do dólar americano. Rússia e China defenderam uma postura mais ousada em relação ao tema, enquanto a Índia, que busca se aproximar dos EUA, foi mais resistente.
A expansão do BRICS marca um importante passo na busca por uma maior representatividade do Sul Global nas decisões internacionais, embora ainda haja desafios e divergências a serem superados.