Nobel da Paz denuncia Tortura Branca: ativista revela relatos chocantes de prisioneiras iranianas em novo livro

Um cruel método de punição e controle é revelado no livro “Tortura Branca – Entrevistas com Prisioneiras Iranianas”, escrito pela ativista iraniana Narges Mohammadi. A prática de tortura branca consiste em submeter os prisioneiros a longos períodos de confinamento solitário, privados de contato com o mundo exterior.

Nesses relatos chocantes, as prisioneiras contam sobre a angústia de passar dias, semanas e até mesmo anos sem ver a luz do sol, sem ouvir uma voz amiga, sem sentir um abraço. Viver na escuridão da cela, vendadas sempre que saem para interrogatório, com apenas o cheiro da privada imunda como companhia.

Narges Mohammadi, vencedora do prêmio Nobel da Paz em 2023, passou 135 dias em confinamento solitário durante seus quase 20 anos de prisão. Em seu livro-denúncia, ela dá voz a outras 13 mulheres que sofreram o mesmo tratamento desumano no Irã.

As histórias dessas prisioneiras revelam a crueldade do regime do aiatolá Ali Khamenei, que mantém dissidentes políticos em condições desumanas na prisão de Evin. Uma das detentas relatou cortar arroz para atrair formigas e ter companhia na cela, tamanha era a solidão e o desespero.

A ativista foi presa 13 vezes e condenada a um total de 31 anos de reclusão. Seu marido, exilado em Paris, testemunha o impacto da prisão de Narges Mohammadi em seus filhos há mais de uma década. A falta de contato com os gêmeos Ali e Kiana, de 17 anos, causa profunda dor e vazio na família.

“Nenhuma palavra pode descrever a tortura que essas mulheres enfrentam diariamente”, relata o marido da ativista. Mesmo diante da falta de acesso a cuidados médicos adequados, a resistência dessas mulheres se mantém firme, denunciando as violações dos direitos humanos cometidas pelo Estado iraniano.

O livro é um grito de protesto contra a brutalidade do confinamento solitário, uma forma de resistência e denúncia que ecoa para além das paredes das celas. Que estas mulheres corajosas, que ousam desafiar a opressão, sejam lembradas pela sua luta pela liberdade e dignidade.

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