Correr torna-se uma necessidade também no ambiente corporativo, onde a busca por metas, a pressão por resultados e a competição com os funcionários mais jovens podem fazer com que nos sintamos sempre um passo atrás. A correria é constante, o medo de ficar pobre, de ser medíocre, de ser motivo de piada, nos impulsiona a seguir em frente, sem pausas para reflexão.
E neste cenário de negacionistas, ressurgimento do fascismo, ataques terroristas, misoginia, xenofobia e violência urbana, a necessidade de parar se torna ainda mais urgente. No entanto, os obstáculos parecem estar por toda parte: o médico que recomenda seguir em frente, o chefe exigente, o personal trainer, o gerente do banco, a desvalorização da moeda, a urgência climática. Como podemos parar diante de tantas demandas?
A pressão estética também nos impulsiona a correr, seja para fugir do cabeleireiro que quer disfarçar os fios brancos, da depiladora que quer nos moldar em padrões irreais, da vitrine que dita a última moda, da vendedora que nos incentiva a parcelar em dezenas de vezes. A busca pela juventude eterna, pela perfeição, nos mantém em constante movimento.
Mas em meio a essa correria desenfreada, há quem sinta a necessidade de parar. Apreciar o eclipse lunar, buscar o orgasmo múltiplo, explorar as estradas menos viajadas, contemplar a aurora boreal, aprender piano. São esses momentos de pausa que nos permitem enxergar a vida com clareza, que nos conectam com o que realmente importa.
É preciso encontrar o equilíbrio entre correr e parar. Entre a pressa e a contemplação. Entre o frenesi do dia a dia e a serenidade do momento presente. Parar de correr, olhar ao redor, e perceber que a corrida sem fim pode nos levar a lugares desconhecidos, mas nunca nos trará a paz interior que tanto buscamos. É preciso parar. É preciso respirar. É preciso viver.