Um relatório do Ministério da Justiça e Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira (30), revelou que as mulheres são mais suscetíveis ao tráfico de pessoas e aos fluxos migratórios no Brasil. De acordo com o documento, denominado Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas: Dados 2021 a 2023, uma das hipóteses para essa situação é que as mulheres estariam mais propensas a aceitar ofertas precárias de trabalho devido às dificuldades de conciliar a inserção no mercado formal com o cuidado dos filhos.
O relatório destacou que, no período analisado, 8.399 pessoas foram resgatadas de situações de trabalho análogo à escravidão no país, sendo a maioria formada por homens de cor parda, entre 18 e 29 anos. A exploração laboral foi apontada como a principal forma de tráfico de pessoas identificada, seguida pela exploração sexual.
Um dado alarmante é que, pela primeira vez, mais brasileiros do que estrangeiros foram resgatados de situações de exploração laboral. Entre os não brasileiros, os paraguaios foram os mais resgatados, seguidos por venezuelanos e bolivianos. Setores como o cultivo de mandioca, a confecção de artigos de vestuário em São Paulo e o setor madeireiro em Santa Catarina foram apontados como os mais vulneráveis.
O relatório também abordou a influência da tecnologia, especialmente a internet, no modus operandi do tráfico de pessoas, afetando todas as etapas do processo. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ressaltou a importância do combate a esse crime, que muitas vezes é subnotificado devido ao medo e à vergonha das vítimas.
Em paralelo ao relatório, foi lançada a quarta edição do plano nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas, estabelecendo as prioridades e estratégias do país para o período de 2024 a 2028. O secretário Nacional de Justiça, Jean Uema, destacou a necessidade de reduzir a subnotificação e engajar a sociedade no combate a esse crime, que ainda é invisibilizado.
Nesse contexto, o Brasil reforça seu compromisso internacional firmado com a adesão ao Protocolo de Palermo, buscando expandir as ações de combate ao tráfico de pessoas e promover a proteção das vítimas. A luta contra esse crime complexo e devastador requer um engajamento amplo e contínuo de toda a sociedade.