Repórter São Paulo – SP – Brasil

Mulheres que desafiaram a repressão durante a ditadura contam suas histórias no Memorial da Resistência em São Paulo

O Memorial da Resistência, localizado na capital paulista, promoveu no último sábado uma roda de conversa com mulheres que desafiaram a repressão durante o período da ditadura militar no Brasil. As participantes enfrentaram o autoritarismo e contestaram os papéis de gênero impostos, destacando-se através da imprensa.

Entre as mulheres presentes no evento, estava Lia Katz, que militava em prol da democracia no final dos anos 60. Ela se juntou à “panelinha das comunicadoras” ao participar de reuniões do movimento feminista ao lado da amiga Rita D. Luca, em São Paulo.

O ano de 1975 marcou o retorno de Lia ao Brasil, depois de cinco anos de exílio na França, e também foi o ano em que sua filha nasceu. Durante o exílio, ela teve a oportunidade de avaliar a situação política do Brasil e refletir sobre a luta armada que estava se desintegrando.

Lia lembra que desde cedo percebeu que estava sendo vigiada de perto pelos agentes da repressão. Aos 17 anos, viu seus amigos serem presos após emprestar o apartamento para uma reunião da organização clandestina em que atuava com o namorado.

A militante destaca que, assim como na época da ditadura militar, ainda hoje há homens que não reconhecem a importância da luta pelos direitos das mulheres. Ela comenta que antes de frequentar os grupos feministas e engravidar, não tinha ligação com o movimento feminista.

Nas redações dos jornais feministas, as mulheres tinham autonomia para decidir sobre as pautas e matérias, abordando temas como o direito a vagas em creches e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres trabalhadoras. A publicação dos jornais enfrentava dificuldades financeiras e, em alguns casos, chegou a receber patrocínio da cantora Elis Regina.

Lia ressalta que na época o racismo estrutural não era discutido e que hoje em dia o feminismo é mais inclusivo e pluricultural. Ela também comenta que não se recorda claramente de como era a censura sobre o conteúdo dos jornais, mas relembra que a redação do jornal Versus funcionava em um porão, escapando da censura que afetava jornais como o Estadão.

Essa iniciativa do Memorial da Resistência foi importante para dar voz e visibilidade à luta das mulheres durante a ditadura militar no Brasil, mostrando a importância da resistência e da imprensa na busca pela democracia e igualdade.

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