A sobrecarga ainda é maior para as mulheres que não têm trabalho remunerado, que chegam a dedicar 24 horas e meia por semana a essas tarefas. Enquanto isso, os homens dedicam em média 13 horas e 24 minutos semanais. Essa diferença mostra a persistência de uma desigualdade de gênero, em que as mulheres são as principais responsáveis pela manutenção da vida doméstica.
No entanto, houve uma redução na média geral do tempo dedicado a essas atividades entre os anos de 2019 e 2022. Em 2019, as mulheres gastavam em média 10 horas e 36 minutos a mais que os homens nessas tarefas, enquanto em 2022 essa diferença diminuiu para 9 horas e 36 minutos. Essa redução pode ser atribuída à maior participação dos homens nas tarefas domésticas e aos avanços tecnológicos que facilitam e agilizam essas atividades.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Estudos em Economia Feminista da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brena Paula Magno Fernandez, essa redução representa uma mudança lenta, mas contínua. Porém, ela ressalta que a cultura ainda enraizada de que as mulheres são as principais responsáveis pelos afazeres domésticos dificulta uma mudança mais significativa.
Além disso, o impacto econômico do “trabalho invisível” realizado pelas mulheres é significativo. De acordo com a professora Brena Paula, esse trabalho pode representar de 20% a 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
Os dados da pesquisa também mostram que as mulheres pretas são as que mais realizam afazeres domésticos, com 93% delas se dedicando a essas tarefas. No entanto, em todos os grupos de mulheres, mais de 90% realizam essas atividades. Já os homens pardos são os que menos se responsabilizam pelos afazeres domésticos, com apenas 78% realizando essas tarefas.
No que diz respeito ao cuidado de pessoas, as mulheres também se destacam. Enquanto 23% dos homens afirmam realizar essa tarefa, 35% das mulheres cuidam de alguém. Entre as mulheres pardas, esse número chega a 38%, enquanto entre as pretas é de 36% e entre as brancas é de 32%.
Esses dados reforçam a necessidade de uma maior equidade de gênero nas tarefas domésticas e no cuidado de pessoas. É fundamental que haja uma divisão justa e igualitária dessas responsabilidades, para que as mulheres possam se dedicar ao seu trabalho remunerado e tenham mais tempo para si mesmas. Além disso, é preciso valorizar e reconhecer o trabalho doméstico e de cuidado, que desempenham um papel fundamental na sociedade.