“Muita gente está doida” – A realidade do uso de medicamentos psicotrópicos e seus efeitos na sociedade contemporânea.

Em um encontro casual que não ocorria desde dezembro, reencontrei um grande amigo que estava visivelmente diferente. Mais magro, corado e com um ritmo tranquilo, transmitia uma sensação de paz que quase me entediava. Sua transformação era tão marcante que me vi inclinada a descobrir qual era o segredo por trás desse milagre aparente.

Com um sorriso no rosto, ele revelou a resposta: antidepressivos. Hoje em dia, parece que só quem está medicado ou drogado consegue sorrir dessa forma. Confesso que sempre sinto vontade de abraçar fortemente aqueles que se entregam a esses medicamentos e dizer que tudo ficará bem, mesmo quando minhas próprias incertezas pairam sobre mim. A verdade é que sem os antidepressivos, talvez eu já estivesse à beira da loucura. A indústria farmacêutica, com seus prós e contras, me fez perder o preconceito e compreender que lidar com a depressão vai muito além de simplesmente tomar sol, meditar ou consumir produtos especiais da moda, como o kombuchá.

Conversamos sobre como o Rio de Janeiro, com seus quarenta graus de calor intenso, nos obriga a buscar a felicidade lá fora, sob um céu ensolarado. No entanto, enfrentar o calor extremo pode ser um desafio ainda maior quando nossa mente está envolta em nuvens escuras de melancolia. O clima carioca nos estimula a nos entregarmos a dias felizes e ensolarados, mas e quando nosso peito está cinzento por um tempo prolongado e não sabemos ao certo o motivo?

Muitos de nós experimentam um cansaço constante, mesmo após longas horas de sono. A sensação de que todos estão meio “doidos” é cada vez mais presente, levantando a questão de que, talvez, a maioria das pessoas esteja medicada de alguma forma. Em vez de discutirmos política, agora nossas conversas giram em torno de remédios, sendo os antidepressivos e ansiolíticos os temas preferidos. Afinal, falar sobre política nos últimos tempos nos levou à beira da loucura, e, felizmente, esse assunto foi banido das mesas de bar, abrindo espaço para debates sobre os mais variados tipos de medicamentos.

A sobrecarga de informações, responsabilidades e compromissos torna-se ainda mais desafiadora diante de um cenário de intolerância, egoísmo e desumanidade crescente. A vida moderna exige de nós uma adaptação constante, e muitas vezes é quase impossível lidar com todas essas demandas sem o auxílio de uma “pílula colorida”. A busca por uma vida equilibrada e saudável leva alguns a fazerem escolhas difíceis, como a de uma conhecida que optou por abandonar o tratamento para bipolaridade em troca de um novo medicamento para emagrecer.

Enquanto nem todos estão medicados, é inegável que muitas pessoas estão enfrentando desafios mentais e emocionais cada vez mais complexos. Em um mundo onde a saúde mental se torna uma prioridade, torna-se crucial debater abertamente sobre o uso de antidepressivos, ansiolíticos e medicamentos para diversas condições. Afinal, a normalização dessas conversas pode ser o primeiro passo para uma sociedade mais consciente e acolhedora.

Por fim, é importante lembrar que a jornada de cada indivíduo é única, e não cabe a nós julgar as escolhas alheias. Diante de um cenário tão complexo e desafiador, é essencial manter a empatia e o diálogo aberto, pois, no final do dia, todos estamos lutando nossas batalhas internas da melhor forma que conseguimos. E se uma pequena pílula pode trazer algum alívio nesse turbilhão de emoções, quem somos nós para questionar essa busca por equilíbrio e bem-estar?

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