MST critica abordagem da PMRJ em operação no norte fluminense; denúncias de intimidação em assentamento regularizado pelo Incra

Na manhã de segunda-feira (15), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se manifestou contra a atuação da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ) em uma operação realizada em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. Durante a ação, uma imagem compartilhada nas redes sociais mostrou a presença de sete policiais em uma área rural, dialogando com dezenas de homens e mulheres.

De acordo com informações divulgadas, mais de dez viaturas foram mobilizadas para cercar o Assentamento Josué de Castro, regularizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2007. O MST afirmou que houve intimidação das famílias assentadas, além do uso de drones e bloqueadores de sinal de celular.

O episódio ocorreu em meio às investigações do Ministério Público Federal (MPF) sobre possíveis ações policiais desproporcionais em assentamentos de reforma agrária na região de Campos dos Goytacazes. A deputada estadual Lucia Marina dos Santos, conhecida como Marina do MST, expressou sua preocupação com a situação. Em suas redes sociais, a deputada questionou o motivo pelo qual não conseguia se comunicar com as famílias do assentamento devido ao bloqueio de sinal de celular pela PM.

Em resposta, a Secretaria de Estado de Polícia Militar confirmou que a operação tinha como objetivo garantir a segurança e a ordem na região do Morro do Coco, diante da possibilidade de invasões ilegais a propriedades locais. A ação contou com equipes do 8º Batalhão de Polícia Militar e da 146ª Delegacia da Polícia Civil.

Até o momento, não foi informado se houve detenções durante a operação. No entanto, as atividades do MST em defesa da reforma agrária continuaram, com cerca de 300 famílias ocupando as margens da BR-101 em protesto pela conclusão do processo de regularização do assentamento Cícero Guedes.

Além disso, o movimento criticou a atuação dos agentes de segurança pública na região, acusando-os de agir em conluio com proprietários rurais para coibir o direito de reunião, liberdade de associação e cooperativismo. Essa ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que visa destacar a importância da reforma agrária para a segurança alimentar, proteção ambiental e democratização da terra em todo o país.

O MST ressaltou a necessidade de desapropriações paralisadas no Poder Judiciário em Campos dos Goytacazes, que poderiam ser transformadas em novas áreas de assentamento para a produção de alimentos e garantia de vida digna para os trabalhadores rurais da região.

O Ministério Público Federal enviou ofícios solicitando esclarecimentos e providências às secretarias de Estado de Segurança Pública e Polícia Militar em relação às denúncias de ações policiais desproporcionais nos assentamentos de reforma agrária de Campos dos Goytacazes. Os órgãos terão um prazo de dez dias para responder se existem milícias rurais atuando para coibir o direito de reunião no campo.

Em meio a essas denúncias, o MST e outras organizações seguem mobilizados em defesa da reforma agrária, enquanto procuram garantir a segurança e dignidade das famílias rurais da região de Campos dos Goytacazes.

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