Movimentos LGBT+ podem buscar inspiração no acolhimento promovido pelos movimentos negros para fortalecer suas lutas.

Na ótima entrevista concedida ao podcast Café da Manhã da Folha, a renomada atriz Clara Moneke discutiu sobre o acolhimento que pessoas negras muitas vezes recebem quando são alvejadas por racistas. Ela destacou que, em muitos casos, um filho negro que é seguido pelo segurança do shopping pela milésima vez no mês talvez encontre acolhimento em casa, junto de uma mãe negra, uma avó negra ou um irmão negro. Fora de casa, esse processo de acolhimento também ocorre nos diferentes tipos de agrupamentos que se formam na rua, proporcionando um senso de pertencimento e solidariedade que auxiliam na superação das adversidades da vida.

No mesmo episódio do podcast, a atriz, que está em destaque na novela “Vai Na Fé”, ressaltou que a população LGBT+ geralmente não vivencia essa mesma experiência. Ela argumentou que, pelo menos dentro de casa, essas pessoas não têm a mesma perspectiva de encontrar acolhimento. Enquanto uma pessoa negra pode contar com familiares negros para esse suporte, uma pessoa LGBT+ dificilmente possui outros parentes LGBT+. Assim, a compreensão e apoio precisam ser buscados fora de casa, em um ambiente que muitas vezes é hostil e sem trégua.

As divergências dentro do movimento LGBT+ são históricas, importantes e, em grande medida, benéficas. Porém, assim como em uma família, é fundamental saber resolver conflitos e se entender no final do dia. Mais do que nunca, é necessário criar espaços onde nós, dissidentes, também possamos encontrar apoio e um pouco de paz.

Se nossas famílias biológicas nem sempre estão dispostas a oferecer o suporte de que tanto precisamos, é essencial que o encontremos em nosso próprio grupo. O que nos une é mais importante do que aquilo que nos diferencia.

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