Além de atender seus pacientes com paciência, amor e empatia, Ennio também se destacou como professor emérito da UFMG. Seu conhecimento e habilidades de comunicação eram admiráveis, tanto que ele conseguia acalmar e conversar com seus pequenos pacientes como poucos. Essa mesma capacidade de criar laços afetivos o acompanhou em suas amizades ao longo da vida, como no caso de Joaquim Antônio César Mota, também médico, que sempre trocava felicitações com Ennio no dia do aniversário de ambos.
Ennio também se dedicou ao desenvolvimento científico e fez parte da Sociedade Mineira de Pediatria de 1980 a 1995. Em março de 1997, tornou-se membro da Academia Brasileira de Pediatria, onde se tornou uma referência para outros profissionais da área.
Durante sua carreira, Ennio se destacou como estudioso das doenças nutricionais, com foco especial na desnutrição, raquitismo e escorbuto. Seu conhecimento e contribuições para a pediatria brasileira foram inestimáveis, deixando um importante legado para a especialidade. Clóvis Francisco Constantino, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, destacou a perda de uma das referências mais importantes para a área.
Além de sua atuação clínica e acadêmica, Ennio também foi autor e editor sênior do livro “Pediatria Ambulatorial”, que foi lançado pela primeira vez em 1983. A obra ganhou renome e, em sua sexta edição, foi renomeada em homenagem ao próprio Ennio Leão.
Apesar de ter se aposentado da vida acadêmica em 1989, Ennio continuava atuando como voluntário no Hospital das Clínicas da UFMG. Seu comprometimento com a profissão e com a instituição foi reconhecido em 2011, quando recebeu a medalha Cícero Ferreira. No ano anterior, ele foi agraciado com a Grande Medalha da Inconfidência, que é concedida pelo governo de Minas Gerais a pessoas que se destacaram por seu conhecimento, cultura e serviços relevantes à comunidade.
Em todo o país, Ennio era celebrado e admirado por sua trajetória excepcional. Ele recebia uma infinidade de prêmios e homenagens, embora nos últimos tempos já o fizesse de longe, com a voz rouca e baixa, pois a idade começava a cobrar seu preço.
Ennio Leão faleceu aos 92 anos na terça-feira (5), deixando para trás filhos, netos e bisnetos. Sua influência e legado continuarão a ser lembrados e reverenciados pela pediatria brasileira.
