Ministro do STF proíbe municípios de pagar honorários advocatícios em ações judiciais no exterior após tragédia de Mariana.

Na última sábado (12), o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu uma liminar proibindo municípios afetados pela tragédia de Mariana (MG) de efetuarem pagamentos de honorários advocatícios em contratos para ações judiciais em tribunais estrangeiros. Esta medida vale para os contratos de risco, nos quais os advogados recebem apenas se o cliente vencer a causa, e permanecerá em vigor até que a Justiça brasileira, especialmente o STF, avalie a legalidade desses atos.

Além disso, o ministro determinou que os municípios com ações judiciais no exterior apresentem os contratos firmados com escritórios de advocacia para representá-los nesses processos. A decisão aguarda o referendo dos demais ministros da corte em um julgamento no plenário virtual do tribunal, marcado para ocorrer entre os dias 25 de outubro e 5 de novembro.

Flávio Dino é relator de uma ação na qual o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) questiona a possibilidade de municípios brasileiros moverem ações judiciais no exterior, especialmente relacionadas aos acidentes de Mariana e Brumadinho. O Ibram apontou a celebração de contratos de risco com altos percentuais de honorários de êxito, o que representa um risco de lesão econômica às vítimas e aos cofres públicos.

O ministro destacou que o Tribunal de Contas da União (TCU) já decidiu em diversas ocasiões que cláusulas de êxito em contratos com a administração pública são ilegais e antieconômicas. Ele ressaltou a importância de avaliar como os municípios brasileiros litigam perante tribunais estrangeiros, considerando o impacto desses contratos advocatícios nos cofres públicos municipais.

Em novembro de 2015, o rompimento de uma barragem pertencente à Vale e à BHP Billiton causou uma tragédia em Mariana, deixando dezenove mortos e impactando a região até o Espírito Santo. Até o momento, as ações judiciais referentes a esse caso estão em andamento, com pedidos de indenização de bilhões de reais. A medida do ministro Flávio Dino visa garantir a integridade dos interesses públicos e a reparação dos danos causados por tragédias como a de Mariana.

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