Repórter São Paulo – SP – Brasil

Ministro da Defesa chama TSE de “inimigo” em reunião de governo para discutir atuação militar nas eleições de 2022.

Durante a reunião de governo em 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira fez declarações polêmicas em relação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), descrevendo-o como um “inimigo”. As declarações foram feitas em um momento crucial, faltando menos de 100 dias para o primeiro turno das eleições, e com o ex-presidente Jair Bolsonaro aparecendo em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Nogueira afirmou que vinha se reunindo com comandantes das Forças Armadas para discutir a atuação militar no processo eleitoral e para manter Bolsonaro no poder.

Durante a reunião, também estiveram presentes Bolsonaro, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e ex-titulares da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Durante o encontro, eles voltaram a questionar a credibilidade das urnas eleitorais eletrônicas e do Poder Judiciário, alegando que as urnas não podem ser auditadas. Na visão de Bolsonaro, havia um complô para garantir a vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

As críticas de Nogueira e do governo ao TSE foram em resposta à criação da Comissão de Transparência Eleitoral, que visava aumentar a transparência do processo eleitoral em resposta às críticas do governo. As declarações polêmicas de Nogueira foram rebatidas pelo TSE, que afirmou ter acolhido parte das sugestões militares para o aprimoramento das eleições, mas que alguns pedidos de informações foram indeferidos devido à “intempestividade da solicitação”.

A reunião do governo, contendo todas essas declarações polêmicas, foi divulgada em um vídeo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como parte da Operação Tempus Veritatis, que investigava uma suposta organização criminosa que teria tentado um golpe de Estado em janeiro de 2023.

Essas declarações e a divulgação do vídeo levantaram questões sobre a influência das Forças Armadas no processo eleitoral e sobre a legitimidade do governo. A repercussão desses fatos terá um impacto importante na corrida eleitoral e na percepção pública do governo e das instituições envolvidas.

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