A vacina, fabricada pela farmacêutica Takeda, foi incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde) e tem previsão para começar a ser aplicada a partir do mês de fevereiro. Apesar de já estar disponível em laboratórios particulares, com um custo médio de R$ 450 por dose, a distribuição pelo sistema público de saúde proporcionará o acesso a um maior número de pessoas.
A aprovação do imunizante pela Anvisa ocorreu em março de 2023 e é destinada para pessoas entre 4 e 60 anos, sendo aplicada via subcutânea em duas doses, com intervalo de três meses. O processo de liberação das 757 mil doses entregues pelo laboratório fabricante está em andamento no Ministério da Saúde e em breve o cronograma de distribuição e a quantidade de doses para cada região serão divulgados.
A vacina será destinada inicialmente a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que apresenta grande número de hospitalizações por dengue. A escolha do público-alvo segue recomendações do grupo de assessoramento da OMS (Organização Mundial da Saúde) e busca introduzir a vacina cerca de 1 a 2 anos antes do pico de incidência de hospitalizações relacionadas à dengue.
No entanto, a vacinação será realizada apenas em 521 municípios que atendem a critérios específicos, como alta transmissão de dengue e predominância do sorotipo 2 do vírus da dengue. Essa limitação se deve à baixa capacidade de produção do laboratório fabricante.
Em relação à eficácia da vacina, estudos demonstraram uma proteção variável para cada sorotipo da dengue, com uma eficácia de 80% contra os casos confirmados de dengue e uma redução significativa nas hospitalizações. No entanto, a proteção para os sorotipos 3 e 4 foi considerada abaixo do esperado, gerando preocupações quanto à possibilidade de uma epidemia destes sorotipos no país.
Quanto aos possíveis riscos associados à vacina, os efeitos colaterais esperados são leves a moderados, com a ocorrência de febre em cerca de 10% dos vacinados. Além disso, existe a preocupação com a possibilidade de uma reação chamada ADE (aumento dependente de anticorpo) ao aplicar a vacina, que poderia gerar um quadro similar ao da dengue hemorrágica em infecções por alguns tipos do vírus da dengue.
Apesar das preocupações, a Takeda assegura que a vacina não apresentou nenhum risco de segurança ou agravamento de doença, independentemente da exposição prévia ao vírus. A chegada da vacina Qdenga representa, portanto, um avanço na luta contra a dengue, proporcionando esperança no controle da doença no país.