Ministério Público do Trabalho reafirma posição contrária a mudanças que aumentem jornada de pilotos após acidente aéreo com 62 vítimas.

No centro das atenções devido a um acidente trágico que resultou na morte de 62 pessoas, o setor aéreo enfrenta agora a pressão do Ministério Público do Trabalho (MPT) em relação à jornada de trabalho dos profissionais envolvidos. O MPT reiterou sua posição contrária a qualquer mudança nas normas que regem o trabalho de pilotos, comissários e mecânicos de voo que possam aumentar a jornada de trabalho ou reduzir os intervalos de descanso.

Em uma nota divulgada na terça-feira (13), o MPT argumentou que é essencial reduzir a jornada de trabalho desses profissionais para evitar os riscos associados à fadiga, que não apenas afetam sua saúde, mas também a segurança operacional dos voos. Essa posição surge em resposta a uma iniciativa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que está discutindo alterações nas regras sobre gerenciamento de fadiga entre os profissionais da aviação comercial.

A Anac abriu uma consulta pública para discutir possíveis mudanças no Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) nº 117, que rege o tema. Terminado o prazo para apresentação de propostas, a agência realizou uma audiência pública em Brasília para debater os pontos de alteração necessários. A intenção da Anac é aprimorar a norma existente, promovendo melhores condições para negociações entre profissionais e empresas visando jornadas mais produtivas.

No entanto, o MPT se mantém firme em sua posição, alertando para os riscos da exaustão para os aeronautas. Durante a audiência pública, a coordenadora nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora alertou que os aeronautas já enfrentam jornadas exaustivas e que flexibilizar os limites de trabalho poderia agravar a situação, impactando negativamente a saúde mental e física desses profissionais.

Diante desse cenário, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) ressaltou que as operadoras aéreas brasileiras seguem práticas alinhadas com as regulamentações vigentes, garantindo escalas de trabalho robustas e em conformidade com as melhores práticas internacionais. A Anac, por sua vez, assegurou que a RBAC nº 117 ainda não sofreu alterações e que a proposta em discussão não elimina a obrigação legal de estabelecer limites para a jornada de trabalho.

Em meio a esse embate entre autoridades reguladoras, empresas e órgãos trabalhistas, a questão da segurança operacional e do bem-estar dos profissionais da aviação continua sendo um ponto crucial a ser equacionado. Enquanto as discussões prosseguem, a indústria aérea e seus trabalhadores aguardam por respostas e soluções que assegurem um ambiente de trabalho seguro e saudável para todos os envolvidos.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo